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sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Roupas Dançam no Varal e Sobre os Efeitos das Sombras .

Longe de meus olhos ,encoberto por um telhado espaçoso as roupas dançam abraçadas na brisa esvoaçante no palco ao qual conheço como varal.
Aos meus olhos suas sombras refletidas pelo grande holofote incandescente ao qual conheço por sol. No chão de terra batida ,pedregulhos e ate um punhado de arroz, mas que não atrapalham suas performances.
Espectador sou eu, ao lado uma folha de jornal se aproxima ,chega mais perto para melhor ver, cadeiras vazias, digo ,cadeiras ocupadas pelos ventos eufóricos a se balançarem e no chão as sombras a dançar.
Dançar ate o por do sol ou ate que uma mão incrédula retire de cena os atores principais.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Tristes Folhetos

Tristes folhetos jogados ao vento 
 que tanta poesia é esta desperdiçada ao nada 
 palavras vazias 
 esquecidas ou repudiadas 
 e o que um dia era clamor 
 amor  
esperança 
 hoje tristes folhetos jogados ao vento 
 quem sabe assim 
 talvez 
nunca se sabe 
 tristes folhetos
se faz de ventos 
 brisas 
 tempestades 
 escritas para voar
 não para em mãos 
ou caixas guardar 
 então tristes folhetos 
 são palavras de ventos 
 soprados ao nada.


Embalos em Tempestades Noturnas

Estremecia o céu em um prelúdio de uma dança noturna, na imensidão obscura incandescente de um dia que se apagava onde uma nova noite surgia, naquele espaço meio escuro meio claro se fez tempestade.
Repentinamente assim como céu desabou em água e os ventos mudaram drasticamente suas direções, eu me vi ali em um canto de uma sala desconhecida, isto se realmente era sala ou uma parte do céu. Minha visão ofuscada só tinha certa clareza com os raios que rasgavam as sombras a minha volta, eu ali espectador da tempestade, espectador da escuridão.
Sentia em minha pele a fúria dos trovões e dos raios que quase me cegavam, tão repentinamente quanto a tempestade, quase que em um piscar de olhos, menos talvez, se fez ela, isto se ela ali já não estaria e apenas agora à perceberia, pois antes era tão sombra quanto eu.
Sua pele branca tornava-se quase como espelho refletindo a explosão de luzes no céu, em seu profundo olhar um abismo que me encantava e como um doce canto de sereia me inebriava e me arrastava.
Mais perto pude distinguir o seu corpo, separando ela das sombras e as sombras dela, eu a conhecia, e como não poderia conhecer, pois há muito tempo me fascinava em palavras, mas agora tal fascinação tornava-se viva, fora de livros e poesia.
Lampejos intercalados entre sombras e luzes, passos no escuro, busquei suas mãos para ser guiado e guiar também, não existia controle simplesmente embalos suaves, contrastante com a tempestade acima de nossas cabeças em sua plena fúria noturna, mas não ali, entre passos delicados, mas de confiança plena, naquele espaço entre os nossos corpos a tempestade não chegaria, ao seu ouvido um sussurro
 -Que o mundo desabe, que a tempestade desfaça tudo, que os medos sejam visíveis, suas mãos eu não soltarei.
Um outro sussurro, mas este como resposta, ao qual não compreendi, no exato momento o céu despencava com mais fervor, como que proposital para não ser compreendida.
Dançávamos sem musica, existia apenas temporal.
Pouco a pouco os medos foram retornando para seus cantos obscuros, escondidos no abismo de nossas mentes, a tempestade tornava-se calmaria, o silêncio retornaria, reinaria plenamente na noite, estrelas ofuscavam as últimas nuvens carregadas e a lua ocupava seu lugar de direito, pude encarar de fato aquele olhar, observar na imensidão a tempestade se esconder na profundeza daquele olhar.
As mãos desvencilhar, os corpos a se afastar e retornarem cada um para dentro da noite, tempestade já não existia agora no olhar apenas poesia.








quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pássaros em Cores e Imaginação

Em cada traço 
uma cor 
e de cada cor 
uma vida 

Em uma folha
se fez o contorno 
são as assas 
já querendo voar 
desprender-se 
do branco e ao céu se misturar 

Logo o restante 
do que faltava 
o corpo cria vida 
pelas assas da imaginação 
e no contorno das cores 
um pássaro ganha vida 

Desprende-se agora 
deixa voar 
e pelos ventos a se levar  
manchar o céu com suas assas 
transformar o azul 
misturar 

Manchando o azul do céu 
pois do que me basta uma única cor 
se pássaro de tinta
todas as cores podem ser 

Silhueta lá no céu 
ofuscado pelo sol 
pássaro feito de cores cintilantes 
reflete sua sombra aqui no chão 
traço a traço feito a mão 
pássaro no céu 
silhueta do pintor aqui no chão.

Ilustração de Scheila Wojeick
 

Empatia Noturna

Empatia sobre o sentir e mesmo que não seja poesia fazemos ser 
em sonhos alheios 
escondido em travesseiros 
roubo um pouco 
quase nada
e de sonho em sonho 
palavras de seu inconsciente retiro
e em meu caderno as escrevo
assim sou eu sorrateiro
sonho por sonho
uma rima de cada vez
até um novo anoitecer.


terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Corre Corre Correia, Chuva Cai!

Mudança nem tanto que repentina, assim logo cedo já se percebia o que o fim do dia nós reservaria.
O calor escaldante, ar abafado quase que irrespirável, mas não é assim que se deve ser no verão?
A instabilidade formava-se acima, as nuvens paravam, estáticas, cinzas e carregadas, assim logo choveria.
Logo talvez com um pouco de antecedência a chuva despencava, corre corre correria, mas os pés e as mãos humanas não são tão rápidas quanto as gotas de chuva.
Corre corre correria, retira as roupas quase secas do varal, nem todas podem ser salvas, uma camisa, meias, calças e outras tantas a chuva toca com seus dedos molhados.
Ao lado as crianças correndo em zig zag, em uma tentativa de escapar da chuva sem querer escapar, grita logo depois, pede para sua mãe, um banho de chuva implora:
-Já que me molhei, posso ficar na chuva?
A mãe nem precisa responder, as crianças pulam de poça em poça, enquanto o som de chuva nos telhados se mistura com as risadas no quintal. 
E logo a chuva silencia deixando poças, risos e roupas molhadas no sofá.  

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Paixão de Luar

Tudo chega ao mar
o céu desce para nadar 
a terra profundamente a se afogar 
o sol se refresca 
mas esperta é a lua 
que aproveita sozinha 
todo a imensidão do mar 
para se enamorar 

Lua apaixonada 
refletida em espelhos d'água
para quem será que brilha 
para quem se irradia 
essa lua tão apaixonada 
suspiros entre nuvens 
levados para alto mar 
deságua em corações alheios 
provocando um se apaixonar.


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Maresia, Sol, Céu, Poesia

No limite final 
na beira de um litoral 
terra termina 
se mistura com o mar 
e no horizonte o mar virou céu 

No fim terra mutável  
da terra para areia 
e da areia para o mar 
ali à beira-mar 
a terra se escondeu em alto mar 
imensidão que é o mar 
mistura-se ao horizonte 
e vira céu 
ou foi céu que virou mar? 

Distante bem longe 
lá para os limites de além mar
meus olhos não podem chegar 
lá o céu se separa do mar 
e o mar deixou de ser céu 
lá a terra voltou a reinar.


domingo, 11 de janeiro de 2015

Caminhos de Terra

Deixa seguir as letras pelas melodias que no terra molhada pisei... 
Digo,  pisamos 
pois fomos muitos 
e de muitos 
fomos todos 
ao menos 
que seja por algumas horas 
da mesma terra 
para o mesmo céu 
do nascer do dia 
ao apagar-se da sol 
mais uma 
só mais uma 
fagulha 
desta viagem 
ao qual conhecemos por vida.