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terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Feliz Ano Velho

O ano se encerra e o outro novo inicia e todo aquele blá blá blá que o show da virada faz, o script é sempre o mesmo e geralmente as celebridades da tv também e os desejos para o novo ano estes sempre se repetem.
Fazer aquele regime, mudar de emprego, sorte no amor, sorte no jogo, melhorar  relacionamento com a família... E mais um tanto de coisa que geralmente esquecemos na primeira semana de janeiro ou que são perdidos entre as folias de carnaval.
Mas tudo bem, logo mais quando perto da meia noite todos com os olhos vidrados na tv vendo o Rei cantar ou Renato Aragão discursar saberemos que o ano tem seu fim, logo após será aquele espetáculo todo é bom colocar para gelar aquele espumante de péssima qualidade que estava em oferta no mercado, comer umas uvas secas e já sem gosto pois foram as últimas que restaram nas gondolas da  fruteira, abraçar todos os vizinhos aqueles mesmo que durante todo o ano você nunca olhou na cara, mas é só por hoje amanhã ao acordar toda essa fantasia já terá acabado e você pode retornar para sua vida e idealizar os próximos desejos que nunca serão cumpridos.
Quanto a mim, vou deitar e ao som dos fogos tentar dormir e um pouco antes da meia noite quando próximo de apagar e me entregar ao sono vou apenas pensar feliz ano velho.

domingo, 29 de dezembro de 2013

A Caixa dos Sonhos Perdidos

No prédio mais alto, na última sala do último andar e atrás da última porta se encontra uma caixa nem muito pequena nem muito grande ela não é muito larga nem muito estreita muito menos muito alta nem tão pouco muito baixa.
Dentro dela nada de tralhas, papeis, brinquedos ou qualquer coisa comprável, dentro dela apenas sonhos, apenas sonhos perdidos.
Ali eles ficam armazenados em ordem alfabética cada sonho que alguém encontrou por ai atirado na rua. Dentro da caixa há sonhos deixados em portas de igrejas, em bancos de praças, no trem, ônibus, em casas abandonadas, há também aqueles sonhos que foram trocados ou simplesmente não eram mais necessários e ainda dentro da caixa estão os sonhos que nunca foram sonhados.
Cada um que encontra um sonho perdido já sabe onde depositar, pela cidade há pontos de coletas, grandes latas na cor dourada escrito em letras garrafais: DEPOSITE SEUS SONHOS AQUI, muitas pessoas em momentos de cabeça quente acabam se livrando de alguns sonhos, mas quando se arrependem, já é tarde, pois bem a baixo das latas de coletas a em pequenas letrinhas um dizer: NÃO NOS RESPONSABILIZAMOS POR SONHOS PERDIDOS, OBRIGADO POR UTILIZAR NOSSOS SERVIÇOS.
A caixa ainda está lá no fundo da sala esperando para ser aberta e revirada, cada sonho ainda aguarda ser realizado, contudo muitos deles por ali para todo sempre ficam apenas na espera e a cada dia que passa novos sonhos são perdidos e muito poucos são encontrados.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O Segundo Advento

Enquanto alguns pensavam que o fim do mundo era uma dadiva do céu outros sabiam muito bem que Deus não estava metido naquilo.
Alguns rezavam por suas almas outros apenas se questionavam se tudo aquilo era realmente necessário.
Eu via cair aquele pedaço de metal reluzente, não sei quanto tempo durou.
Sei que o tempo parou, pela primeira e última vez o homem conseguiu  controlar seu tempo e lentamente despencava do céu todas suas realizações e decepções junto despencava o passado, presente e futuro, tudo despencava do céu azul, em um piscar de olhos o fragmento de metal tocava o chão.
Foi assim a extinção da humanidade era o fim de tudo aquilo que conhecia, era o meu o seu o nosso fim, o culpado não era Deus ou o Diabo em uma disputa por almas, era apenas uma guerra de homens contra homens, um querendo mais que o outro e no fim nada mais restava para desejar...

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A Razão do Tempo e do Homem

A razão do tempo
é não ter uma razão.
A razão do homem
é ter um pretexto.
O tempo do homem
é a razão do pretexto.
O pretexto do homem
é nunca ter tempo.
O pretexto do tempo
é ter homem.
No fim é sempre um pretexto.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Então é Natal ou Quase isso

Então é natal como diz aquela musiquinha que tanto ouvimos no mês de dezembro.
O dia vinte e cinco se aproxima e o espírito de natal já toma conta de nossos lares e cidades, claro devidamente cobrando seu preço.
Pelas casas aqueles enfeites baratos e de plástico que de cinco apenas três são mantidos intactos o restante e destruído pela mão de uma criança , uma árvore bem decorada e um presépio pintado a mão adquirido nas últimas férias da família, tudo pago em algumas prestações.
Na ceia do dia vinte quatro nada de orações ou muito pouco, todos admirando o show de natal que se passa na tv ou mergulhados em celulares digitando freneticamente, comunicando o mundo a cada segundo os acontecimentos.
#PartiuPresente/#PartiuCeia...
Embaixo da árvore, claro os presentes cada um com um papel mais lindo que o outro, mas o papel é o que menos importa, pois na hora D ele será destruído e arrancado em segundos, hoje em dia não é em todas as casas que se guarda o papel para ser aproveitado em outros presentes, lembro muito bem de minha vó dizendo:  - Cuidado com o papel do presente, depois que tirar dobra bem direitinho e guarda na gaveta junto com os outros.
Na tal gaveta tinha papeis de presentes acredito que de meu batizado e que nunca foram usados, mas sempre estavam por ali se fosse preciso.
No dia seguinte a felicidade e trocada muitas vezes pela decepção dos presentes, insatisfeitos por não terem ganhado o presente desejado.
A os presentes está ai o ponto alto do natal, hoje em dia penso coitado do bom velhinho nem sei como ele se mantém a tantos anos nesse cargo.  
Nada mais que um natal parcelado em 12x sem juros no cartão, ora essa temos que agradar todo mundo e hoje em dia as meias, roupas intimas e brinquedos foram trocados por celulares, computadores e qualquer outra coisa que seja mostrada na tv, algo feito para durar apenas até o mês seguinte.
  

No Escuro e Vendo

E naquele momento que o sono me rondava eu a vi ela delicadamente fechar os olhos, o sorriso se fechou ao menos por algumas horas e aquele doce olhar para mim não era direcionado, mas sabia que no outro lado lá no limite entre o despertar e o dormir eram os meus que ela encarava.
O meu sono se afastou de mim, pois eu mandei para ela e eu ficaria desperto guardando seu sono, ficaria ali com os olhos vidrados escutando sua respiração que  pouco a pouco diminuía ficando quase ao ponto de nada ser escutado, mas nem os sons da noite poderiam afastar aquela respiração de meus ouvidos treinados para atentamente escutar aquele ruído.
Segundos, minutos, horas, dias talvez fiquei ali apenas observando, entre um olhar e outro um toque de leve a tela buscando suas bochechas, cabelos e lábios, mas não era possível e eu sabia, mas mesmo assim o fazia.
Profundamente ela dormia e mesmo assim eu ali permanecia, apenas vendo e observando, lutando contra meu cansaço e meu sono que por ali retornava, não queria dormir ao menos não longe dela.
Deitei-me e recostei em uma melhor posição para ela poder admirar, por ali ficava e poderia passar uma vida apenas a velar aquele sono tão doce, ora tudo aquilo era doce eu pensava.
E eu ficaria uma vida ou quantas outras fossem necessárias e eu ficarei uma noite e quantas forem necessárias apenas vendo, no escuro e vendo e tendo a noite e a vida toda para de ver dormir.

sábado, 21 de dezembro de 2013

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Eis Que

Eis que estamos aqui
perdendo tempo
encontrando tempo
inventando tempo

Eis que aqui não estamos
perdendo nem encontrando
muito menos criando

Eis que aqui levamos
nascemos e morremos
deitamos e sonhamos

Eis que aqui
estamos. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Contador de Estrelas

Entre tantas coisas que poderia fascinar um homem, ele foi pelo caminho mais incomum, ele sabia que com certeza não era o único, deveria haver outros que assim como ele tinham uma admiração pelas estrelas, mas até aquele momento nenhum tinha passado por sua vida.
Todas as noites ele subia ao ponto mais alto da cidade, um morro, dali longe dos holofotes e do barulho da cidade ele tinha a imensidão do céu somente para ele.
Já fazia muitos anos que ele olhava com carinho para o céu, essa sua paixão teve inicio com seus oito ou nove anos, sempre que podia espiava as estrelas, não sabia o por que e nem precisa ter um motivo aquilo era tão lindo que o fazia apenas pelo prazer, toda noite sempre que podia sentava para contar as estrelas. 
Ela não conseguia compreender o motivo de tanto espanto por parte das pessoas quando revelava sua admiração, era chamado de louco, falavam que era desocupado e que devia fazer algo da vida melhor do que ficar contanto estrelas, parecia que o mundo não tinha tempo para levantar a cabeça e olhar para cima, ele sabia que se isso fosse feito eles compreenderiam os seus motivos.
Dia após dia contava e recontava as estrelas, de tanto fazer isso, sabia exatamente a qual estrela pertencia o número.
Todas as noites, seus olhos se voltavam para as pequenas fagulhas de luz que o a escuridão da noite iluminavam.
Com o passar dos anos quase todas as estrelas já tinha contado, cada uma com seu número e cada número com sua estrela.
Deitado em uma cama de hospital, ele espiava pela janela e terminava de contar as estrelas como de costume, nem o fato de estar deitado quase sem vida o impedia de sua admiração, em seu último suspiro ele contou a última estrela e naquele momento fechou os olhos para nunca mais abrir.
No mesmo dia foi velado e logo após sepultado, o céu pela primeira vez em anos não tinha seu contador oficial, mas naquela noite o céu ganhava uma nova estrela a última delas e a mais brilhante, ali de cima ele contava agora os que aqui na terra ficaram. 


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Falácias do Cotidiano



Ao despertar pela manhã em nossos ouvidos já são despejadas palavras e mais palavras, muitas delas mentiras com uma boa dose de eufemismo.
Sentamos para tomar o café antes de partirmos para um longo dia de labuta, nesse tempo uma breve passada de olhos pelo jornal diário, por ali mais uma dose excessiva de balela, um parágrafo lido e um gole de café para ajudar a descer o engodo que parou na garganta.
Entre trabalhos e ocupações ao longo do dia afastamos um pouco o olhar e os ouvidos das incoerências midiáticas, mas não escapamos dos maldosos comentários de colegas, vizinhos e dos ditos cujos amigos de longa data, pequenas e quase que inofensivas calúnias.
Ao fim do dia, família reunida esperando o levantamento das falácias daquele dia, vindas de todos os pontos do mundo e dos mais remotos lugares, parece que elas estão por toda parte, sentados em torno da tv com os ouvidos e a mente aberta ao telejornal de inteira confiança.
Não escapamos de uma boa dose de mentirinhas ingênuas, quase nem as sentimos, quem sabe somos nós mesmos as mentiras e as mentiras sejam as verdades isso ou quem sabe são apenas minhas mentiras entre tantas outras.  

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

No Limite da Realidade

O que era o real ele já não sabia, perdido entre um sonho e outro, perdido nas entrelinhas de um de seus livros favoritos, escondido entre esquinas, becos e vielas de cidades conhecidas apenas por cartões postais e fotos daquelas revistas de viagens.
O que era real poderia ser puramente ficção, poderia estar vivendo dentro de um daqueles filmes que assistia em tardes quentes em domingos onde o cinema era a única salvação do tedioso dia.
Tudo era modificado em um piscar de olhos, mas era um abrir e um fechar tão consciente quanto estar vivo.
Quem sabe ele próprio estaria vivendo em uma cama de hospital e tudo que via e sentia era nada mais que estímulos de médicos e enfermeiras que faziam de seu corpo e mente apenas um lugar de testes de medicamentos.
Ou ainda pior poderia estar vivendo condicionado em uma vida ou algo que poderia chamar assim, obrigado a ser condicionado a sorrir para uma televisão e sentir as mesmas emoções que todos a sua volta, compreender apenas o sim e o não esquecendo as dúvidas  esquecendo os questionamentos.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Aos Olhos Tudo Aquilo que Fingimos Ver

Aos olhos tudo aquilo que o mundo finge não ver 
não existe fome 
nem pessoas atiradas ao chão
corpos de criança não fedem mais 

Todas as crenças são aceitar 
ideologias não são mais vendidas 
homens e mulheres compartilham do melhor da vida 

Pelos jornais 
e televisão 
não escorre mais sangue 
nem mentiras 
a utopia social foi encontrada
 
Aos olhos tudo aquilo que fingimos ver 
fingimos aceitar 
fingimos sonhar 
fingimos...
acreditar. 



sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Um Mundo Político

Politicagem para comprar votos 
e vender sua vida 

Politicagem para sorrir
e beijar crianças de colo 

Politicagem para pagar contas 
para comprar coisas em prestações 
que nunca serão pagas

Politicagem para mentir 
contar verdades 
e dissimular

Politicagem para escrever 
e mais um pouco para ler 

Político eu
político tu
político ele
político...
nós.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013



Banalidades de uma Vida



E o mundo ainda é maior
que a tela de seu computador.
Pode ser que o céu azul ainda não seja de alta resolução
pode ser que sua vida não tenha compartilhamento
nem curtidas aleatórias.
Pode ser muitas coisa
mas ainda sim é vida
ou algo parecido com uma. 

Banalizamos 
o amor 
as dores 
e alegrias.

Vendemos e compramos 
nossa vida.

Mentimos e delatamos 
por uma simples 
hipocrisia. 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Parábola dos Números

Em um dia qualquer o sábio de uma antiga cidade foi indagado por um jovem rapaz, se todos no mundo contavam mentiras.
Após pensar alguns minutos o velho sábio responde:
 
 - Sim todos mentem animais, arvores e homens, todos com suas mentiras grandes ou pequenas.
Porem somente os números se abstém da mentira!
O jovem não entendeu o que o sábio quis dizer com isto. 
Como os números poderiam não mentir?
 
O sábio continuou a falar. 
 - Os números estes sempre são sinceros, pois sua resposta sempre será a mesma, tanto aqui quando em qualquer parte do mundo. Dois mais dois sempre serão quatro não importa onde esteja.
Os números são medidores da verdade, estão presente em quanto você deve receber, ou quanto deve pagar. São eles que enumeram o quanto você ama ou admira alguém. Por isto são eles a verdade do mundo, talvez a única.
 
O jovem então entendeu o que o sábio quis lhe dizer, compreendeu ele que os números não mentem, mas não porque não querem, mas sim porque não podem.
 

Palavras Perdidas

São passos apressados e dedos nervosos, minha boca seca procura sugar um pouco de saliva e em minha mente o texto perfeito e em minhas mãos o completo vazio, sem caneta nem papel.
A cada três passos repito a mesma frase fazendo um esforço para memoriza-la em contra ponto a preocupação de que essas palavras se percam para sempre entre o trajeto até minha casa. 
Poderia parar em qualquer loja ou qualquer coisa pedir uma caneta e um papel, mas não, perderia muito tempo com essa coisa de procura caneta aqui e rasga papel dali, o melhor era correr para casa, mas correr não era uma boa ideia também, poderiam as palavras saírem por minha cabeça e se perderem no ar como balões coloridos manchando o céu azul.
Parei por um segundo pensei, pensei e mudei o final do texto, nossa estava ficando muito bom, em cada parada uma mudança, a cada mudança era a perfeição em palavras, mas sem ter onde escrever sem nem ter o que escrever, como pude sair de casa sem nada.
Era só uma passadinha no mercado coisa rápida coisa boba, nunca pense que uma texto se faria presente em meus pensamentos, ora essa já tinha acontecido de acordar com um texto no meio da noite ou ver encantador poema brotar do chão, mas no mercado era a primeira vez...
Já estava pensando de mais, tinha que ocupar minha mente com apenas o texto que era sobre algo muito bom eu sabia, aquele texto seria meu melhor.
Mas sobre o que era o texto mesmo, não acreditava essa preocupação toda me fez perder as palavras pelo caminho, sentei no meio fio desolado por ter perdido minhas palavras.
Mais calmo fui até em casa pequei meu caderno e minha caneta, refiz todo o caminho até o mercado olhando em cada canto embaixo de cada pedra, em rodas de carros até em cima das árvores, fui catando palavras perdidas pelo caminho as minhas palavras, nem todas consegui achar, mas as que encontrei agora ao papel passei e ali não se perderiam ali não seria esquecidas, quanto a mim aprendi a lição nunca mais sai sem meu caderno e minha caneta pois nunca se sabe de onde pode se surgir um texto.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Gosto de Sangue

Sempre ouvi dizer que depois de se experimentar sangue não se consegue mais parar, dizem que é um gosto único, sem falar na excitação que o momento proporciona.
Quando experimentei o tão precioso liquido pela primeira vez fiquei com medo de perder o controlar e ser dominado por meus desejo, não que eu fosse um assassino ou um desses malucos que andam por ai matando a torto e a direito, eu me considerava normal, até de mais, vida comum, sociável, respeitado e até pai de família.
Eu não era apenas mais um que gostava de ver o sangue escorrer das vitimas e ver o corpo pouco a pouco se apagando, perdendo seu brilho perdendo sua vida, eu não era mais um, nem capa de jornal, eu escolhia quem vivia ou quem morria eu era o juiz o carrasco a defesa a lâmina que cortava a garganta e o consolo da dor, eu era tudo, eu era Deus... 

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Traços e Esboços

Somos um rascunho um esboço pintado por um desenhista um tanto que preguiçoso além de sermos uma obra um tanto que mal feita.
Temos inúmeros defeitos, somos amores, dores, alegrias e decepções e mais um tanto de sentimentos lindos e desprezíveis.
Cada dia um traço é preenchido, em outros momentos nossos trações são apagados e refeitos e assim vai e vai longe.
Somos apagados em um dia e rabiscados em outro, estamos em constante mudança, nosso traço é torto e as vezes quando reto é apagado por engano.
Nunca sabemos quando estamos prontos e finalizados, sempre querermos um retoque aqui e outro ali, somos preenchidos com cores e sentimentos, somos moldados e destruídos.
Traços diários que só tem seu fim quando somos sepultados.

Cricri Aqui Cricri Ali

O pequeno grilo insistia em permanecer no quarto, por mim não tinha problema, mas o danado do bicho não calava a boca, era um cricri aqui e um cricri ali, com todo esse cricri quem estava ficando cricri já era eu.
O quarto já era era pequeno só para mim agora ter que dividir com um grilo que gostava de bater um papo de madrugada já era de mais, ele poderia até ser o grilo feliz do Pinóquio que eu não me importaria, mas ali com certeza ele não ficaria, quem sabe um hotel para grilos ou algo assim.
Revirei o quarto de ponta cabeça até achar o danadinho, pequeno, verde e de assas curtas, em minha mão direita o chinelo pronto para dar o golpe certeiro, o golpe final eu era seu carrasco e o juiz da sentença, um golpe apenas e ele cairia ao chão mortinho sem nem saber o motivo, acabei por me tornar advogado do réu, também conseguindo assim sua absolvição de tão dura sentença.
Ele podia ter escapado da morte, mas seria exilado de meu quarto como pena, rapidinho ele tratou de sumir e começar com sua orquestra de cricri, mais uma vez revirei o quarto até achar ele, estava enfiado em baixo da cama, mas agora em minha mão não era o chinelo, mas sim um camisa velha qualquer que por ali tinha, em um golpe rápido o apanhei em minha mão e soltei pela janela dizendo:
- Vá cantar em outro quarto, bem longe de meus ouvidos.
Enfim sossego e silêncio no quarto, deitei e apaguei a luz, mas sentia falta de algo, era falta do canto do pequeno grilo, falta de meu colega de quarto, sem o seu cricri o quarto ficou tão sem graça, era um silêncio deprimente, tão escuro em um completo vazio sonoro.
Lá fora eu escutava sua cantoria feliz como sempre, peguei meu travesseiro e fui deitar lá fora junto do grilo feliz com seu cricri aqui cricri ali.


terça-feira, 26 de novembro de 2013

O Tempo é Verso

O tempo é reverso 
perverso 
inverso
ele 
é apenas 
mais um verso 

O tempo é nada 
ou quase nada 
ou nem isso 

O tempo é tudo 
absoluto 
domina 
mata 

 O tempo é passatempo 
contratempo 
o tempo é
somente  
tempo.

 





domingo, 24 de novembro de 2013

Paisagem de Concreto

Todas as manhãs ao despertar ele preparava sua primeira dose de muitas outras de cafeína, o primeiro gole era na cozinha mesmo, após isto se dirigia para a janela da sala.
Delicadamente retirava as cortinas que atrapalhavam sua visão, em sua frente nada de espetacular ou o que poderia ser definido como uma bela vista, era apenas  um muro de concreto que estava a poucos metros de sua visão, nada da orla de uma praia nem um parque com lindas árvores verdes, era somente concreto, duro e frio concreto cinza, refletindo a realidade humana, sem cor, sem vida sem nada...
Suas primeiras horas eram preenchidas por aquela visão um tanto que inútil de concreto cru.
Todas as manhãs com sua xícara de café ele parava e observava aquele muro cinza, mas não era um simples muro cinza ao menos não para seus pensamentos, em um dia ele admirava uma deserta e exótica praia perdida no pacifico de onde estava podia até sentir seus pés molhados tocando suavemente a areia fina e branca , no outro ele admirava um grande parque de lindas árvores verdes e frutíferas onde podia até sentir o gosto de uma daquelas lindas maçãs, esticava o braço, mas as melhores estavam no alto longe de seu dedos.
Dia após dias eram lugares diferentes bem longe daquela parede fria, sem cor e sem vida que todos não se importavam em ver.

Palavras Soltas

Sou um era uma vez 
e um felizes para sempre.
Sou o assassino
e a vítima no chão.
Posso ser o mistério
nas entrelinhas. 
Como posso ser a verdade 
reveladora. 
Sou muitas páginas
sou todas elas.
Posso ser o que imaginar 
sou o sim e o não.
Sou tudo 
eu sou um livro.  
 

sábado, 23 de novembro de 2013

Sim/Não

Poderia ser um sim 
em um mundo cheio de incertezas 

Como poderia ser um não 
em um mundo lotado de certezas 

Ela é um  não 
ela é um sim 
são os dois 
ela sempre com um talvez 

Por que dar certezas 
quando podemos imaginar todas elas 

Por que limitar tudo em um não 
quando podemos desejar todos os sim 

Ela é um o talvez 
é a mistura da dúvida com a certeza 
é o limite entre a razão e coração 

Nem um sim 
nem um não 
é sempre um talvez

E talvez em um dia seja sim 
ou talvez em um dia seja um não.
 

Xícaras de Café

Primeira xícara de café. 
Sentado em uma velha poltrona no escuro eu permaneço com uma caneta entre meus dedos e de frente a um caderno branco que espera por minhas palavras.
Pelas frestas da velha casa a luz da lua entra refletindo direto no papel branco quase como um espelho, misturando assim suas cores, não sabendo mais o que era lua e o que era papel.
Terceira xícara. 
Não consigo dormir e talvez não queira, acho que já nem consigo mais...
Estou sentado novamente no escuro com meus pensamentos e minhas ideias, olhando entre feixes de luz que transpassam pelas paredes. Fecho meus olhos e permaneço em silêncio em silêncio para a vida.
No papel um esboço de um texto incompleto que talvez não tenha um fim.
Quinta xícara. 
À noite quando estou só no escuro outro me torno, transformo meu corpo em uma extensão de minhas palavras.
Já não sei onde termina ou onde começa o que sou ou o que escrevo, já perdi os sentidos e meus olhos coçam pedindo cama, mas por minha mente escorrem palavras manchando o papel com letras e rimas.
E assim afastei-me do sonhar e transpasso ao papel meus sonhos e desejos.
Xícara vazia.
Contemplo o fundo da xícara vazia escutando os ruídos da noite. Exausto apenas me ajeito na poltrona admirando a lua que ainda brilha como única luz no céu. Aguardo agora pela luz do sol, pela luz do dia para que assim possa dormir.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

...



É no fim são sempre palavras...
Não sei ao certo quando descobri seus encantos, quem sabe naquele mesmo dia, naquela troca rápida de olhares ou quem sabe ao ler suas primeiras palavras...
Volto ao papel para transmitir aquilo que posso não ter coragem nem possibilidade de falar e tento fugir um pouco desse sentimentalismo todo que a eu desconheço.
Hoje escrevo para você, sem saber se gosta, sem saber se espera por outros, mas aprendi de uma forma tão inusitada e ingênua a confiar em uma desconhecida apenas confiando e escrevendo. Pois seus feitiços são tão reais quanto seu próprio beijo.
Mas ainda espero sem querer esperar que com o tempo apenas sobre as palavras, você volte para seu livro e eu me detenho ao meu.
E nesse dia vou reler você da forma que eu criei da forma que eu moldei com todos os encantos que imaginei, mas que quem sabe a mim nunca pertenceu.
E talvez só talvez as palavras nunca tenham um fim, mas isso é para outros textos não hoje...