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sexta-feira, 28 de junho de 2013

O Garoto da Capa Vermelha

Em um dia daqueles instável em que o tempo era incerto assim como os sentimentos humanos, mutável a cada nuvem e cada gota de chuva que se desprendia do céu.
Muitos guarda-chuva protegendo cabeças humanas da água fria e molhada ao certo com receio de curar suas loucuras.
Pessoas carrancudas com um sorriso amargo, profetizando injurias sobre o tempo e suas vidas.
Pessoas cinzas refletindo o céu escuro acima de suas cabeças.
No meio disso tudo um menino de grandes olhos tristes, mas com certo brilho.
Com ele nada de guarda-chuva preto e sem graça ou sorriso amargo, mas sim uma capa vermelha reluzente que brilhava mais e mais a cada gota de chuva.
Corria entre os homens cinzas despertando sorrisos delicados, preenchendo cores em seus sentimentos. Pulando de poça em poça respingando gotas coloridas nas roupas escuras dos homens.
Ele não tinha medo da chuva fria e molhada ele era mais uma gota de chuva vermelha e brilhante entre tantos tons de cinza.

Lentes Escuras

Um andar distraído por um caminho que ele conhecia muito bem, pelas lentes escuras de seus óculos ele espiava os transeuntes da rua.
Em seus lábios um sorriso discreto, quase que despercebido ate mesmo por ele, para ter certeza que sua boca se expressava tinha que com seus dedos tocar levemente.
Um passo ritmado ao compasso da música que cantarolava mentalmente, algo que conhecia muito bem, era uma de sua cações preferidas, sabia a letra de cor ou ao menos pensava saber.
Uma que outra vez seus olhos buscavam sua imagem nos carros e vidraças das lojas, com isso uma reação comum, um leve bagunçar de cabelo.
Suas lentes escuras escondiam seus olhos do mundo, escondendo o mundo de seus olhos também.
Entre uma passada e outro um balançar de ombros, uma ou duas vezes um olhar na direção contrária, olhando o caminho percorrido, pois sabia que retornaria seguindo seus passos marcados pela rua novamente.

domingo, 9 de junho de 2013

Mais uma Noite

Era apenas mais uma noite em claro, esboços de palavras vagas, expressadas por desejos e sentimentos. Seus olhos vermelhos já se sentiam incomodados pelos primeiros raios de sol que adentravam pela janela em sua frente, junto com os feixes de luz uma leve brisa fria da manhã.
Havia um resto de café em sua caneca, amargo e gelado, mas ainda sim era café.
Ele se debruça sob a mesa, um leve coçar nos olhos cansados, mas realizado ao admirar sua letra nos papéis.
Palavras soltas em um fundo branco realizavam seus mais secretos instintos de seu inconsciente, agora ali em sua frente, palavra por palavra os seus pensamentos.
Pensamentos obscuros, alegres, dramáticos e por que não vagos?
Seus olhos em um último esforço, passam delicadamente pelas palavras, seus lábios se contorcem delicadamente, um leve sorriso, eram suas palavras e seus desejos naquele papel que há pouco tempo era nada além de um fundo branco, agora era qualquer coisa que sua mente desejava ou queria, era sua maior representação, sua visão de um mundo desconhecido onde apenas ele podia chegar.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Distante do Nada

Ande em direção ao ponto cego no horizonte.
Ao sabor do vento que corta sua face.
O sol  que queima seus olhos.
A chuva que molha seu peito dormente.
Seu olhar complacente ao infinito do nada.
Seus pés molhados pela água fria que escorre por seu corpo.
Um passo de cada vez.
Um passo perto, um passo longe
Distante sempre distante do nada.


segunda-feira, 3 de junho de 2013

Um Olho de Cada Vez

O mundo era como uma extensão de seu braço e seus dedos como uma pinça, que poderia se quisesse alçar qualquer humano que seus olhos seguiam.
Ele mantinha um olhar intimidador e complacente com os mortais que passavam pelo seu campo de sua visão.
Em cada olho seu ele via apenas o melhor ou o pior de cada um, fechava seu olho esquerdo e pelo olhar da direita, presenciava o pior da humanidade, raiva, ódio, desespero...
Sua visão por este olho era escura e de pouca luz que dificultava ver, apenas uma cor o branco.
Ao fechar seu olho direito e pelo seu olhar esquerdo percebia o melhor do homem, sua capacidade de amar, carinho, amizade...
Sua visão por este olho era clara e com muita luz que cegava de uma única cor também, o cinza.
Com um olho aberto apenas, estava cego por luzes incandescentes de bondade ou sua visão era opaca sem distinguir um palmo a sua frente, mergulhando em desespero.
Ao permanecer com os dois olhos abertos ele podia ver claramente, nítido e em qualquer cor e qualquer sentimento humano.

Sangue Transparente

Claro que não foi proposital, não faz meu estilo me cortar por ai, foi um mero acaso do destino ou de meu descuido apenas.
Quando percebi era vidro para todos os lados do quarto, em baixo da cama, atrás da porta, tinha ate no corredor, vidro e mais vidro, não sei ao certo como ele se despedaçou pelo apartamento, naquele momento pensar isso não faria o vidro se recompor.
Entre uma musica que toca em meu computador eu pulava de euforia, balançando meu corpo para todos os lados, bem provável que foi assim que o vidro virou um quebra cabeça.
Sei que demorei cerca de uma hora para juntar todos os fragmentos de vidro entre um corte e outro em minha mão o sangue escorria por entre meus dedos e respingava no vidro dando uma aparência linda aos meus glóbulos vermelhos.
Era vidro e sangue nada proposital mas lindo ao acaso, um vermelho que escoria por minha mão esquerda e caía no vidro ao chão, não um rio de sangue, não era nada que me faria morrer de hemorragia, mas era apenas sangue transparente. Mania de escritor de tornar tudo mais poético ate mesmo vidro manchado de sangue, nada além disso