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segunda-feira, 29 de abril de 2013

Labirinto Inconsciente

Estou mais uma vez vagando por um mundo onde tenho total segurança, no fundo de meus pensamentos vejo muitos relógios todos a ecoar um Tic Tac infernal.
Vejo muitas palavras soltas todas atiradas pelo chão como corpos, agrupo algumas e formo um frase de efeito que somente minha mente perturbada pelo sono poderia fazer dizia: NÃO QUERO DORMIR, SE EU NÃO QUERO EU POSSO, MAS SE EU DEVO EU NÃO ACORDO...
Não tinha sentido com muitas coisas que escrevo, mas por que deveria ter, ora como eu digo a vida não tem sentido não são minhas palavras que vão ter.
Um pouco mais a frente vejo o labirinto central de meu inconsciente, por ali muitos bancos e o ambiente era tomado por um cheiro de café, mas com pimenta claro, era minha mente devia ser meu café não de um estranho.
Ao chão, livros dos mais variados autores, Maquiavel, Platão, Rotterdam, Dante, Nietzsche... Por ali seus escritores também debatendo suas ideias, ora era muita pretensão minha achar que eu poderia ter eles presos a minha mente, mas era meu mundo eu podia mesmo que de uma forma que violasse a realidade humana.
Andei por toda a extensão de minha mente, era um ótimo passeio algo que esperava a muito tempo, mas era tarde e tinha obrigações como humano, não podia ficar muito tempo naquele lugar mesmo ele sendo somente meu.
Olhei uma última vez ao relógio e dormi aquela noite tinha um fim, mas logo um recomeço.

Alma Perdida


Com o passar dos anos fui perdendo certos discernimentos.
Fui perdendo também minha alma, talvez hoje já não tenha uma.
Perdi muito e ainda perco, cada vez mais.
Porém isto parece não me abalar.
Permaneço frio até mesmo indiferente em certos momentos.
O que seria eu, frio, calculista, sem coração...
Já não sei, pois a muito vago por pensamentos abstratos em mundos paralelos.
Simplesmente me perdi e talvez nunca encontre o caminho para minha sanidade novamente.  


Vento Matinal


Fria manhã que cobre nosso corpo.
Seu vento cortante entoa prelúdios de sofrimento.
Gritos de almas calejadas por pecados terrenos.
Que vagam clamando por compaixão. 

Coração com Ponteiros


E seu fardo peso foi sendo aliviado pouco a pouco.
Não restando nada.
Nem remorsos ou sentimentos futuros.
Com o tempo seu coração parou tornando-se uma pedra fria e escura.
Onde não mais ouvia seus batimentos.
Por onde não mais seu sangue circulava.  
Agora ecoava dentro de seu peito um Tic Tac sem fim.

domingo, 28 de abril de 2013

Controlar sem ser Controlado


Nada era programa nada tinha um controle, isso dava um gosto melhor do que deveria.
Não era o acaso, ironia ou o destino era na verdade um desejo e uma vontade expressada apenas por palavras.
Não era fácil se mostrar frágil frente um ao outro. Mas em meio a palavras soltas o significado era relevante.
Os dois sabiam o que poderia acontecer, era uma vontade de controlar e uma de não ser controlado, separados eram uma ótima forma de destruição, juntos uma forma de domínio do mundo.
Não cabia apenas a palavras descrever o ocorrido, mas o resto por si só se encarregava de tudo.
Levados um ao outro sem o motivo da dominação, não necessário, mesmo cada um pensando que estava no controle da situação, não faria diferença, nunca fez para eles.
Um breve momento, mas de grandes consequências, ao fim os dois trêmulos, ela queria fugir o mais rápido daquele lugar, ele queria se sentar no escuro e refletir.
Cada um na segurança de seu inconsciente pensava e se questionava sobre tudo aquilo, um erro, uma certeza, uma salvação...
Não tinham uma resposta eram várias, todas ao mesmo tempo. 

Ao Papel uma Lembrança


Em sua cabeça ecoava as palavras dela, “Como vai escrever isso”.
Ao Fechar os olhos podia ver e escutar perfeitamente ela, como uma assombração que perturbava com seu encanto e fascínio.
Era fácil, apenas colocar ao papel tudo que tinha acontecido, ora não era pouca coisa, se ele tinha inspiração com os olhos dela, o que poderia surgir de tudo aquilo?
Uma grande obra, um livro uma enciclopédia...
Ele olhava para os locais onde tudo aconteceu, sentou no sofá, no chão e no corredor.
As lembranças estavam em sua cabeça e por toda parte da casa, podia sentir o cheiro dela que se fazia presente no ambiente se misturando ao aroma do lugar.
Lembrava-se de cada expressão no rosto dela, de seus olhares de sua respiração e do calor de seu corpo. 
Mas o papel não aceitava suas palavras, ao certo queria guardar apenas para si tudo aquilo.
E sabia que de fato apenas eles poderiam ter aquela lembrança, o mundo não merecia saber de nada. 

Guiados Pela Escuridão


Mais uma vez o tempo estava completamente parado, podia se ouvir o som do coração deles naquele lugar, onde tudo era possível.
Era um momento que não era esperado ou ao menos pensavam isso.
Entre seus ápices de conversar mirabolantes, planejavam um crime, havia também seus momentos de completa escuridão, onde seus olhos estavam fechados e eram guiados por suas bocas e seus corpos nada além disso.
Era uma forma de controle sem controle.
Por um lado ela desejava o controle, por outro ele não era controlado por nada. Como poderia acontecer aquilo ?
Contradições que tinham em seus pensamentos, não tinham o que pensar não agora, era fechar os olhos e se guiar um ao outro, pois se um caísse ao chão o outro iria junto. 

De Olhos Fechados


Os olhos devem ser fechados... 
Os seus, os meus ou todos?
Como um último desejo do inconsciente humano que anseia pela escuridão eterna. 
Uma vida cega ainda é uma sábia escolha para quem vive na escuridão.
Aparentemente uma suposta luz da razão, onde de tão claro nada se pode ver.
Ao certo dentro da escuridão da mente, bem no fundo onde os pensamentos mais pervertidos e mais sádicos são revelados.
Os olhos devem ser fechados, deste lado para estarem abertos do outro.

Contradição de Vida ou Morte


Quando eu morri em 25/08/1991 não sabia o que me esperava deste lado da vida ou de qualquer outro nome que tenha essa minha realidade.  
Fui jogado a um mundo onde devemos ser tudo sem ser o nada. 
Um mundo de grandes contradições, de escolhas ou na verdade opções que são limitadas, dois caminhos SIM ou NÃO, nada além disso.
Um mundo “perfeito” dizem eles, aqueles que estão em uma caixa colorida com lindas imagens, magia ou ilusão de óptica... Não sei, mas ao certo sabem usar as palavras.
Um lugar especial onde todos são únicos, escrito em lindos cartazes reluzentes, mas em letras miúdas logo abaixo, uma condição: Ser Todos Iguais...
Uma grande cidade, onde ideologias eram vendidas em esquinas, pagando um bom preço você levava uma novinha em folha, bom nem tão nova assim.  
Por ali me ofereceram uma religiosa e uma politica, mas nenhuma me agradou, prefiro a minha por momento ainda.
Uma nova forma de viver, morrer ou reviver tanto faz, ao certo estava ali por algum motivo ou não, ainda não tinha certeza de nada, mas aos pouco eu ia descobrir. 


sábado, 27 de abril de 2013

Controle ?!


Tempo? Ora naquele momento como ele costumava dizer, nada era tudo e tudo era o nada, mas não havia tempo, não havia nada, apenas os dois, mais nada, nem precisava.
Estavam os dois apenas eles, parados sobre pensamentos, pairando suas idéias um sobre o outro, se questionando sobre o próximo passo a ser tomado, mas tudo era um grande fracasso, nada poderia ser programado ou previsto, nada poderia ser pensado, ao menos era isso que suas mentes questionavam-se.
Era uma situação que não era esperada, assim como qualquer outra relacionada aos dois, outro momento, outra situação de completo controle, mas de nenhum controle de nenhum dos dois.

Armário de Espelhos

Eram reflexos de espelhos aleatórios todos a sua volta, cada um com uma imagem. Varias formas de varias cores, todas a sua perfeita semelhança.
Sabia que era sua própria imagem que era refletida, podia não estar usando a mesma roupa, o mesmo penteado nem a mesma expressão, mas seus olhos estes eram sempre os mesmos.Cada um tinha em sua face um sentimentos, raiva, dor, alegria, desprezo, satisfação... Ao todo ela não sabia quantas representações suas estavam ali.Olhou cada espelho como atenção a procura de uma em especial, aquela que de fato era seu reflexo, aquele que correspondia aos seus movimentos, ações e desejos.Mas infelizmente nenhum que estava ali obedecia sua vontade e em muitos momentos pareciam rir de sua cara, podia ate mesmo ouvir dentro de sua cabeça risadas sádicas que a perturbavam.Ao fim cansou, escolheu qualquer reflexo, aquele que melhor poderia usar naquele momento, sabendo que quando fosse necessário era só voltar ao seu armário de espelhos e escolher um reflexo que melhor lhe caberia em outra ocasião. 



Sentir


Não sinto dor 
sofrimento
alegria 
ou amor 
nada que lembre um ser humano.
Não sinto mais nada
estou morto ou humano nunca fui... 

Trajeto

Ao longo da vida cansamos o problema não é nem nunca será o cansaço, mas sim as fortes dores que sentimos pelo trajeto.
Um caminho de árduas escolhas, temos sempre duas opções, SIM ou NÃO, não podemos fugir  disso é Viver ou morrer, nada além disso.  

terça-feira, 23 de abril de 2013

Dualismo de Um Crime

E o sangue manchava sua roupa, suas unhas e sua alma.
O cheiro impregnava seu quarto, mas principalmente seu nariz.
Era uma mistura de sofrimento com satisfação própria.
Ela debruçava-se sobre o peitoral da janela contemplando a lua, esta que era a única espectadora de seu crime ou como ela gostava de pensar de seu prazer.
Ao chão sua mais nova vítima, um jovem, robusto de grande sorriso, esse que ainda mantinha mesmo após sua morte.
Ela agora olhava com desprezo para suas mãos com sangue e aquele cheiro a fazia ficar com náuseas. Talvez fosse seu breve momento de lucidez, olhou-se no espelho, tinha medo de seus olhos frenéticos, medo do que fazia. Mas o medo da solidão ainda era maior.
Voltou seus olhos novamente para a janela, agora olhava em direção a rua, à procura de mais uma vítima, ela sentia necessidade do controle ela queria estar no controle. E ela estava disposta a pagar o preço para isto.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Imortalidade

Retribuição de uma forma ou de outra nunca era o suficiente, apenas falar ainda era pouco sempre parecia muito pouco.
Ao certo ele poderia oferecer o que de melhor tinha, suas palavras essas imaculadas ao homem e seu Deus. Mas ainda sim era pouco.
Suas palavras poderiam apenas contar, mas ela merecia mais, merecia ser imortalizada para sempre em todas as palavras que tivessem um sentido ou não.
E de fato essa era sua retribuição concedeu a ela a imortalidade de ser mantida em suas palavras para todo o sempre.

Realidade Noturna

No percorrer da noite ele ia deixando pelo caminho um rastro de tudo aquilo que não mais lhe agradava ou lhe satisfazia.
Entre um andar apressado e outro mais calmo ele admirava o mundo a sua volta.
Sempre andava pelo mesmo lugar, mas sempre estava com seus pensamentos em outro lugar, distante de se corpo.
Naquele momento estava em sintonia com sua mente, parou e olhou o que estava ao seu redor.
Olhou em especial para o fim da rua, lá longe estava uma pequena luz, sabia que ali terminava seu momento fora do mundo.
Voltou seus olhos para trás, lá também uma pequena luz de realidade.
Voltar ao inicio ou de fato chegar ao fim?
Parou, pensou e se questionou sobre tudo aquilo, sentou em um banco próximo e fechou seus olhos esperando por uma resposta.
Sabia que não teria uma resposta, mas ali estava entre duas realidades, distante por certo momento, apenas o suficiente para conquistar sua salvação.

Escolhas

Era mais um dia para viver ou para morrer, sempre tinha essa escolha, ela sabia muito bem o que queria, mas aos outros ingênuos seres da humanidade o que escolher?
Permaneciam a sua mercê, o poder da escolha era sempre dela e nunca deles.
Tudo era preparado conforme a sua mente queria ou desejava, os caminhos eram traçados, mas suas rotas eram distintas, mas sempre levavam ao mesmo precipício.
No seu fundo não havia corpos, mas sim desejos e perspectivas de um futuro que não passou de uma queda ao fundo de um buraco escuro e vazio, permaneciam ali para todo o sempre, esperando ainda pela salvação que nunca chegava.
Na dúvida quem decidia se iria viver ou morrer era ela, pois os outros ainda não tinham a capacidade de fazer boas escolhas.

Embalo Noturno

Ao longe ele escutava os sons da humanidade, naquele momento ele estava no local mais afastado daquele lugar, onde podia ouvir tudo e não ser escutado.
Permanecia em silêncio, o barulho que se manifestava não era de sua voz, mas sim do estalar da maquina de escrever.
Dividia o pequeno espaço com seus melhor amigos os livros, estes que por toda parte que seu olhar percorria se faziam presentes, talvez espiando o papel para saber o que ele pensava, pois por seus olhos isso era impossível.
Quando o som do estalar da maquina tinha um sossego, era a vez de tomar mais um gole de café, estava frio e fraco, mas não importava, mesmo assim ainda era café isso já era o suficiente.
Parava e olhava analisando os desenhos que as sombras faziam na parede, estava intrigado com aquilo que ate esqueceu de suas palavras e seu café.
Ao seu olhar pareciam dançar ao som do mundo é apenas ele presenciava o espetáculo. Por um momento pensou estar alucinando ou era apenas a falta de sono, não fazia diferença.
Levantou e tomou para si as sombras e em um doce embalo se deixou levar.
Ao fim foi colocado pela própria sombra em um canto qualquer, mas confortável estava, foi abraçado por ela, seu corpo repousava sobre a escuridão.
Dormia profundamente, mas em sua mente suas palavras ainda alvoroçadas dançavam e faziam seus movimentos, ele admirava, era o único no mundo que podia saborear aquilo e sabia que ao despertar poderia contar ao mundo ou guardar apenas para si.

domingo, 21 de abril de 2013

Sem Controle

Sem controlar e ser controlado.
Sem ter um motivo.
Imortalizados pelo próprio tempo, assim nem ele nem ela tinham o controle total da situação.
Nem era necessário era uma troca.
Uma troca de olhares, gestos, pensamentos e favores.
Sentir e ser sentido.
Levar e ser levado nada mais.

Realidade

Minha realidade não tem um começo ou um final definido.
Ela não tem um horário para começar ou um para terminar e acima de tudo não foi escrito por terceiros. Minha realidade és somente minha.
Não é seguida por outros, essa diz respeito ao meu mundo, minhas decisões e minhas escolhas.
Minha realidade não curte páginas no facebook nem declama para o mundo o que faço em meu tempo livre. Ela não esta no jornal ou na boca de alguém, ela não faz propagando para marcas nem se vende para os vizinhos.
Minha realidade é bela e trágica, oscila em dor e felicidade.
Por isso que é uma realidade.

Pensamento Humano Limitado

Não sou o poder para julgar, sorte que não sou.
Mas mesmo assim faço meu tribunal e coloco a mais dura sentença sobre o homem e sua criação.
Idiotas a parte o mundo ainda é um antro de perdição Deus querendo ou não sempre foi, o que muda é o que leva o pensamento humano.
Este pensamento tão limitado, mas que se mantem olhando sempre para o lado mais bonito da vida. Realidade ela não existe o que é verdade é a novela ou qualquer programa que seus olhos mortais possam ver e seus ouvidos possam entender.
Nada além de palavras bonitinhas e conceitos pré-formados de sua vida.

Super-herói de Final de Semana

Colocar uma capa e uma cueca por cima da calça ainda está em alta.
Usar uma máscara de uma ideologia que em muitas vezes nem você sabe o que é. Geralmente nem sabe o que você é.
São muitos os intitulados heróis da humanidade oprimida, seu discurso sempre é o mesmo o que muda é sua crença, essa que pode ter envolvimento religioso ou não.
Seu blá blá blá sempre está ali para defender a opinião alheia, não que eu seja contra nossos protetores, só penso que eles não fazem uma grande diferença em minha vida.
Heróis na TV tem uma infinidade, esses pelo menos usam uma roupa mais bonita.
Mas você que quer ser um herói de final de semana fica a dica, sempre antes de sair para combater o crime lembre-se de tomar uma boa dose de ética, moral e de valores esses religiosos ou familiares, tanto faz no final é a mesma coisa você morre por absolutamente nada.
São crenças vazias de ideologias vagas e que faz alguns anos que já não fazem mais sentido.

Equilíbrio

Em mais um momento seus olhos estavam olhando para algo que a fazia ficar cega.
Por algum instante ela perdeu o controle novamente, não sabia lidar muito bem com isso, mas sabia que teria que aprender.
Seus olhos agora já acostumados com o que via sabia melhor que ninguém se equilibrar em algo fora de seu controle.
Não se sentia mal com isso, apenas devia se balançar para um lado e para o outro.
Tinha medo de cair novamente.
Mas ele estava ali, não permitiria que ela chegasse ao chão.

sábado, 20 de abril de 2013

Fundo Azul

Vasta imensidão de uma única cor, sem precedentes apenas o nada.
Ao certo não se podia ver seu fim.
Era belo de um tom singular.
Suas mãos podiam tentar mais não chegavam a tocar.
Não tinham um motivo e nem precisava ter.
Eram os dois apenas olhando e imaginando qualquer coisa que sua mente quisesse.
Um momento imensurável, perdidos no tempo.
Sem controlar e ser controlado.
Um olhar, um gesto e um pensamento.
Apenas um fundo azul esperando para ser pintado nada mais.

Ao Papel Aquilo que a Voz não Pode Dizer

Ela escrevia tudo aquilo que sua voz não tinha coragem de falar, em sua mente tudo era tão claro, mas ao certo ainda não tinha a coragem para falar olhando diretamente para ele.
Ele a admirava com um olhar de fascinação, sabia ao certo o que ela escrevia no papel, mas matinha uma euforia para mais uma vez ler suas palavras.
Mais um gole de café, e seus olhos ainda percorrem a forma de seu rosto, admirava sua expressão e seu semblante que se modifica em cada linha escrita, ela parecia se questionar sobre aquilo que passava ao papel, tinha certo receio sobre o que poderia acontecer.
Ao fim com um suspiro de alívio ela entrega a ele suas palavras.
Enquanto os olhos dele lia e relia cada palavra, ela tentava se esconder dentro da xícara de café, quem sabe tentando se afogar antes de saber a reação dele.
Ele deu um leve sorriso, estava desconcertado com tudo, ela conseguia de fato mexer com qualquer parte de seus pensamentos, parecia poder andar por os caminhos da mente dele.
Ele não conseguia responder, mas nem precisava seus olhos já tinham uma resposta, ela como sempre compreendeu e sorriu também.

Sinal Fechado

Mostrava sua desenvoltura em baixo de três cores, mas dessas somente uma permitia seu espetáculo.
De tempo em tempo ela permitia sua exibição, concedia a ele um momento pra fazer um mundo somente seu.
Seu tempo era contado, um breve momento para ser lembrado, ele dispensava a fama o que queria era apenas uns trocados.
Sua face se misturava com a maquiagem, não sabendo mais até onde era a tinta ou onde começava seu sorriso.
O que era alegria ou o que era dor não se podia saber.
Nem ele mais sabia...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Abraços, Beijos, Sorrisos e Máscaras

Tudo aquilo já era normal para ela, não era sua primeira vez e com certeza não seria a última.
Parecia fácil como sempre foi, mas não desta vez, ela estava impaciente cada minuto que passava a fazia se questionar sobre sua presença naquele lugar.
Não tinha escolha, estava exercendo sua falsa liberdade, atrelada a conceitos de uma família que ela não queria para si.
Em muitos momentos olhou em direção a saída, queria correr sem direção alguma, apenas pelo prazer de fugir de tudo aquilo.
Seus olhos frenéticos como sempre olhavam a sua volta, analisando cada individuo que estava presente, seus olhos como pente fino arrastavam os pensamentos dos demais, ela sabia distinguir em cada olhar e cada gesto as máscaras de cada um.
Pensava que um dia poderia ser ela, tão enraizada a tudo aquilo, que chegava a ter fortes arrepios por seu corpo.
Nada além de respirar fundo e se encher de uma ética, moral e de valores familiares. Sorrir e aproveite enquanto o mundo pensava que a controlava.

Ironias !?

De todas minhas ironias parece que de fato me deparo com uma que tem um sentido real, da forma mais turva que se pode imaginar. 
Mas se não fosse assim não seria um ironia seria um acaso nada além disso.
Poderia ser um momento no tempo e espaço ou algo como um acontecimento humano.
Pode ser minha própria mente que brinca comigo distorcendo a realidade.
Pode ser uma memória ou uma visão do futuro que pode nem acontecer.
Poderia ser muitas coisas como não pode ser absolutamente nada, mas mesmo assim uma bela ironia.

Quadrado Branco

Era um pequeno quadrado branco nada além disso.
Mas por ele podia-se ver o mundo e as estrelas. Podia ver o infinito até o fundo da alma humana, não tinha um limite.
Delicadamente como num passe de mágica as formas eram feitas e as cores pingavam sobre o branco refletindo o inconsciente humano.
Mas sem estímulos, apenas um quadrado branco, sem vida e sem cor, nada mais.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

Olhos frenéticos

De tudo que posso ver seus olhos sempre vão ser minha melhor opção.
Entre um par de lentes, eles se contorcem para todos os lados e em muitos momentos tomados de raiva eles param e parecem encarar seu passado.
A todo o momento buscando por algo que talvez nem você saiba, mas mesmo assim ainda conserva o olhar à frente.
Entre um olhar despretensioso o que se vê é um desejo de qualquer espécie ou forma, uma vontade não realizada.
Olhos que encaram o mundo, mas que ainda não podem ser encarados ao menos não por todos.


Inspiração Noturna


Se revirar na cama por horas já era normal, agora ter uma boa noite de sono como uma pessoa normal isso ela já não conseguia, estava viciado na noite inebriado por seus cheiros e cores sombrias, lugares frios e sem vida, becos sujos machados de sangue.
Uma, quarta, decima, xícara de café, e o estalar da maquina de escrever não tem descanso, entre uma espeça fumaça que cerca seu quarto, apenas uma saída de ar, enquanto a lua estava no céu ele mantinha o mesmo ritmo frenético de estalar e de beber café.
Uma que outra espiada pela janela, lá fora tão sem vida quanto qualquer outro lugar, naquele momento a única vida da madrugada era de sua imaginação essa sem limites humanos, sem fraqueza e sem misericórdia racional.
Ao chegar o sol e dissipar as sombras da noite com ela se vai à inspiração e agora o café já esta gelado, o mundo agora estava vivo enquanto ele morria, ao menos ate a próxima noite. 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Palavras Eternizadas


O que de melhor tenho são minhas palavras é com elas posso retribuir ao mundo
Mas o mundo não merece nada meu
Posso imortalizar qualquer um
Fazer eterno o homem
Posso morrer e posso viver por elas
Posso ao certo representar a realidade e logo depois desconstruir ela
Posso tudo é nada posso
Por isso elas devem ir para alguém que sabe sobre como são feitas
Como são compostas e pelo sangue que foi roubado
Pela dor e pela alegria
Realidade e fantasia
Por uma forma é pela outra também
Por meu medo
Por minha verdade
Por olhos que sabem de minha crueldade.

Igualmente todo Mundo Igual

Igualmente como tudo parece tão idêntico, pessoa, carros, casas, vida...
Cada vez mais as individualidades são deixadas de lado, trocadas ou vendidas por um comodismo das massas. Seguir o fluxo ainda é a melhor opção, pois que motivo temos para ser diferente?
Reclamar da vida, achar que tem o controle dela, pensar que pensa, ficar indignado com a politica, sempre é colocado em duas opções nada mais que isso. Igualmente igual, como qualquer coisa hoje, fazer aquilo que ele faz, curtir aquilo que ele faz, dizer aquilo que ele faz...
Apenas aplaudir qualquer coisa, pois sabe que outro logo atrás fará o mesmo por você, à vida se resume a isso é o resto é tudo igual em caso de dúvida siga sempre em frente, seu buraco vai ser o mesmo também.

O Mundo das Representações

Onde tudo é todos e todos são tudo
Onde nada é nenhum
Onde o nada é o tudo
E nenhum é o nada... 
Geralmente a maior parte não sabe usufruir de suas representações, ficando pressa a ideias, morais, éticas e valores que geralmente não são seus. Por outro lado existe a minoria, que sabe usar a seu bel-prazer as representações que os cercam. Sabem também aproveitar as representações alheias. A maior parte vive alegre e sorridente, pois não sabem distinguir suas representações, são felizes e apaixonados pela vida sem ao menos saber o motivo. Já a minoria, vive seus momentos de euforia e de grande sofrimento, mas sabem lidar com isso, sabem que são representações e nada mais. Tanto um quanto o outro tem suas vantagens, viver de suas representações o torna feliz e em eterna alegria. Viver almejando suas representações faz você lidar com a realidade em momentos oscilantes. A maioria escolhe ser feliz que seja alguns são alegria outros realidade.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Matar ou Morrer

Se deixar levar ao fim de um desejo que parece ser incontrolável ou se deixar pela vontade de um louco?
Parecia tentador qualquer uma das escolhas, morrer ou matar.
Qualquer um tinha seus prós e seus contras.
Por um lado se tinha o desejo e a vontade por outro a vontade de ao certo ter um fim.
Matar cansa e morrer só é uma vez.
Não tinha como saber qual mais lhe agradava.
Ao certo tanto um quanto o outro, morrer hoje para matar amanhã ou vice versa...

Controle Sobre o Tempo

E pela primeira vez eles tinha o controle sobre o tempo, foi um breve momento mas de controle total. Nenhum deles era controlado, os dois dividiam o seu tempo, cada um com sua metade, sua dor e seus pensamentos. Agora o tempo parecia fazer sentido, não representava algo ao acaso.

Mundo em Branco Part I

O mundo era uma vasta imensidão no vazio do espaço, há muito tempo tudo apenas parecia um buraco vazio, onde apenas seus ecos eram escutados. Na verdade sempre foi assim ate onde ele se lembrava ao menos, ele já não procurava mais, apenas seguia sempre em frente , fingindo não se importar. Sempre andava pelo mesmo caminho, sempre ao mesmo lugar, mesmo o mundo sendo somente dele. Em um dia qualquer enquanto folhava alguns livros na velha livraria onde geralmente passava algumas horas de sua vida vazia, tudo parecia normal, ate se deparar com um objeto que não deveria estar ali. Era um óculos, apenas isso, ele se questionou como era possível aquilo, ele não usava óculos e o mundo era somente dele, como então? Muitas coisas passavam em sua cabeça, ficou tão atordoado que pegou os óculos e delicadamente colocou em seu casaco e correu para casa. Parecia fugir de um animal selvagem, nunca havia corrido com aquela intensidade e naquela velocidade. Subiu as escadas de sua casa pulando um, dois ate três degraus, bateu a porto e fechou todas as janelas, tudo ficou muito escuro, agora mais calmo ele retirou os óculos do bolso e aproximando-se de um abajur pode admirar suas formas e cores. Fazia um grande esforço para lembrar-se daquele objeto, mas não conseguia, ele sabia muito bem o que tinha na livraria e com certeza aqueles óculos não faziam parte da decoração. Só tinha uma explicação, alguém havia deixado eles naquele lugar. Então pela primeira vez ele sabia que o mundo não era somente seu, não estava mais sozinho naquele lugar.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Fim do Mundo

Realmente ela tinha razão a noite estava diferente, havia algo que não se tinha em outros momentos. Não se poderia imaginar o que acontecera ou poderia ? Ela nervosa ele calmo de mais, isso era sinal de que algo poderia acontecer, quem sabe o mundo não acabaria naquela noite, consumindo e destruindo tudo. Eles como sempre com seus comentários diretos que atingiam todos em qualquer lugar, seus pensamentos foram longe, chegando a perturbar o passado e a mexer no futuro. Em um ato de impulso ele se aproximou como se já não tinha o controle de seu corpo, ela se afastou, não esperava aquela reação ou esperava? Logo ele voltou para o controle e se afastou também, agora ela olhava diretamente para o chão, não conseguir expressar uma palavra se quer, mas também não precisava, era visível sua surpresa... Agora foi sua vez, tomada de um impulso se aproximar, naquele momento o mundo de fato acabou. Foi um choque de interesses, desejos e vontades. O que aconteceria depois, ora as respostas eram muitas e nenhuma...

Cabeça no Congelador

Poderia dizer que foi trágico seu fim... Mas pelo contrario ao certo pela primeira vez ela estava totalmente livre, livre de qualquer coisa que a prendesse nesse mundo de obrigações. Foi seu último ato de liberdade, conseguiu com isso sua eterna liberdade, não havia motivo para se lamentar, pois ele sabia muito bem o que de fato ela queria. Mas ele ainda tinha um divida e como foi prometido que ao menos tentaria dar atenção para ela, de fato o fez. Na mesma noite do ocorrido ele entrou sem ser percebido naquele hospital, estava de branco e se portava com um verdadeiro médico, isso ele havia aprendido com ela e funcionava muito bem. Ao fim lá estava ela, deitada aos pedaços, mas ainda sim era ela, sem os óculos, mas tudo bem... Parecia sorrir e com certeza em seu último suspiro o fazia. De sua pequena mala ele retirou um pote, grande suficiente para comportar a cabeça, que ainda estava intacta, parece que segundos antes de morrer ela lembrou que sua cabeça já tinha um destino. Ele passou a cuidar de sua cabeça como havia prometido mesmo sem vida ele ainda conversava e dava toda atenção que podia. Com o passar do tempo ele já podia escutar ela responder novamente, não se importava com o fato de ela estar morta o que importava ainda era sua companhia, mesmo de uma forma diferente ela ainda estava ali. O que o preocupava era o que aconteceria com ela quando ele virasse uma cabeça sem corpo também. Quem cuidaria dela, talvez ele próprio em algum lugar longe dali, pois não importava para eles isso...

domingo, 14 de abril de 2013

Uno

Há palavras que são escritas para apenas uma pessoa, e somente essa pode entender o que elas querem dizer.

O Resto ao Mundo

E o mundo tinha o seu resto O seu resto ao mundo pertencia Mas o mundo achava que a conhecia Ora essa o mundo um tanto que tolo permanecia Já ele sabia ao certo Sabia como deveria é como faria Sabia conversar sabia expressar Sabia questionar e sabia dialogar Ele ouvia com atenção Olhava nos olhos sem pretensão Respondia com precisão O mundo que pensasse que a tinha Pois de nada adiantaria Pois esse mundo nunca compreenderia

Retribuição

Fazer um não era o bastante, tinha que refazer seus traços mais quatro vezes ou quantas mais ela achasse necessário. Ele sempre ficava sem palavras com suas demonstrações e seus questionamentos sempre aumentavam. O mais impressionante era a forma de expor sua real face no papel, algo que ele nunca tinha visto e mesmo assim não podia imaginar, seus traços eram de uma realidade que o assustava. Ela o colocava de frente com sua verdadeira forma, aquela que a muito ele evitava, pois já não acreditava em seu lado bom, mas ao que parecia ele ainda tinha um ao menos ela podia ver isso. Ele gostava, mas não sabia como se portar perante aquilo, ora ela estava olhando diretamente para sua alma não era algo confortável, pois nem ele sabia ao certo como era. Imaginava várias formas de retribuir o que ela lhe dava, tantas coisas em sua mente foram imaginadas, mas nenhuma que poderia ser digna dela, ela merecia algo mais, merecia o que ele tinha de melhor, então ele oferecia suas palavras e toda sua atenção, pois sabia que tanto quanto ele precisava disso.

Quase um Vício

Seus momentos já estavam se tornando quase que um vicio, não havia nada de mal em querer estar na presença dela ao menos não parecia. Por horas a fio seus questionamentos e diálogos se estendiam não se restringindo aquela sala, mas ao mundo e suas belas criaturas de que tanto os dois amavam... Eles tinham uma facilidade de conversar e de ir para qualquer lugar, o tempo presente também não os assegurava, voltando ao passado e se direcionando para o futuro. Esse futuro talvez pudesse causar certo espanto, mas como saber o que esta escondida no próximo dia. Mas pensar sobre isso era desnecessário, o presente era de um tom tão mais suave, uma mistura de pensamento, ações e desejos. Longe de suas formas mais cruéis impostas pela vida, ao certo cada um era o alivio do outro, era algo que parecia que o tempo havia consumido de varias formas, mas que ainda tinha salvação ao menos parecia ter...

Questionamentos e Agradecimentos

Com certeza por aquilo ele nunca esperaria, mesmo em seus dias de alegria e de bondade. Como era possível receber tal presente de alguém que ao que parecia lhe conhecia tão pouco, mas que havia chegado mais perto do que qualquer um. Em muitos momentos se questionava sobre ela, como? Por que? Para que? Seus pensamentos turvos faziam sua cabeça doer. Seu presente refletia perfeitamente o que de fato era em sua forma mais cruel e mais bela, seu olhar profundo mostrava suas duas faces, podia olhar eternamente para ele, poderia questionar ela sobre o presente eternamente também. De tanto olhar já não sabia mais se ele admirava o retrato ou se o retrato que o admirava.

Um Olhar sem Sentido

Um olhar lá fora, um olhar ao papel e um olhar em minha mente. Brinco com a xícara de café, passando meu dedo por sua lateral a fazendo dançar com o pires como seu par, ao lado a colher como espectadora de seus movimentos. Novamente meu olhar se encontra lá fora, vejo a passos lentos os transeuntes, todos a se questionar e a sussurrar injúrias sobre a vida. Fecho meus olhos para ouvir o que ecoa em minha mente, são palavras soltas e sem sentido. Sobre o papel ainda em branco coloco a caneta, ao piscar de olhos sua página esta cheia, mesmo no papel ainda não fazem sentido, mas são belas e me fazem pensar que preciso de mais café, isso já me bastava por momento...

Análise de Comportamento O Casal do Trem

Um belo casal trocava olhares apaixonados, cada um olhando para seu grande amor seu pedacinho de felicidade. Logo mais a frente uma mãe com seu pequeno bebê em seus braços. Aquela “bolotinha de carne rosada”, tão pura e ingênua. O olhar do bebê se encontra com o do casal e eles abrem um belo sorriso para aquele pedaço de gente. A mulher apaixonada olha fixamente para a criança, nem piscava, parecia que havia apenas ela, a criança e seu amado naquele lugar. O homem apaixonado não foi indiferente ao pequeno, olhou fixamente também aquele belo espécime, mas ao contrario de sua amada, por apenas um momento, logo seu olhar fugindo da criança encontra o chão, parecia refletir profundamente, impaciente o homem olhava agora para todos os lados. Sua amada babava mais que a criança no colo da mãe, seu olhar brilhava, era nítido o que queria, apenas desviava seu olhar para admirar seu doce amor que a seu lado estava, fazia carinho nele e lhe presenteava com um belo sorriso, ele correspondia com um sorriso amarelo e sem graça. Ele se questionava, olhava para o longe, talvez se lembrando de seu passado ou imaginando um futuro diferente. Ela parecia que a qualquer momento arrancaria dos braços da mãe aquela criança, fugindo com seu amado para qualquer lugar, seu olhar brilhava como de uma fera. Naquele momento ele olhou uma última vez para ela, mas não sorriu agora ele já não amava mais, queria outro futuro.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Perdida no Tempo

Um súbito barulho a fez acordar, ofegante ela desperta de um sono perturbador, tonta com o que se passava em sua mente, ao certo mais um sonho que não fazia sentido, em sua mente muitos números, ponteiros, relógios... O tempo parecia vigiar seu sono. Apenas as luzes da rua nada mais, de resto apenas escuridão, delicadamente passa suas mãos pela cama a procura de seus óculos, não se sentia bem em estar sozinha em seu quarto, ainda mais naquela escuridão sem fim, não era para estar dormindo ali, foi apenas um momento que parou para ler não esperava cair em um sono profundo. Estava impaciente, queria sair daquele lugar, mas o medo de colocar os pés para fora da segurança de sua cama era de mais para sua mente naquele momento. O que lhe resta é se esconder entre suas cobertas, esperando dormir logo, não conseguia fechar os olhos a todo instante mirava para dentro da escuridão esperando saltar algo aos seus olhos. Lentamente seus olhos se fecham, sua boca se comprime e seus óculos escorregam por seu rosto... Novamente perdida entre números, ponteiros e relógios, entregue ao tempo, em sua cabeça ecoava um Tic Tac Tic Tac sem parar.

Um Pouco Mais de Tempo

Seus atributos em muito se pareciam com o próprio tempo, chegando tão próximo que se misturava com seus ponteiros e números disformes. Como o tempo ela se deixava ser controlada, e parecia que quem a tinha em suas mãos podia fazer qualquer coisa, podia ter todo o tempo do mundo a sua disposição. Fraca a mercê de alguém que lhe pudesse dar corda, corda suficiente para usar no pescoço da vitima. Ao se deparar com sua realidade, já era tarde de mais, estava tão dependente de seu tempo, e nada podia fazer apenas implorar por sua atenção. Cruel como o tempo que não poupa ninguém e leva todas as coisas a sua própria ruína, ela dissimula e controla, ao fim leva mais um coração no lugar ela deixa um relógio parado, pois um dia ela pode voltar, para dar mais um pouco de corda apenas o suficiente para ver seus olhos mais uma vez.

Em Nome de Deus

Com o passar dos anos, décadas e milênios Deus foi percebendo que a imortalidade era um verdadeiro tédio, isso para não falar algo muito pior, tentara o suicido, coitado estava depressivo, sem vontade de viver, seus dias eram longos de mais, não tinha muito o que fazer, jogava uma peteca com os anjos, brincava com nuvens, olhava para a imensidão do universo, mas nada lhe ajudava. Em um determinado momento enquanto estava no banheiro teve uma brilhante ideia, bom nem tanto, pensou ele por que não criar algo parecido comigo, pensou que assim sua solidão teria um fim. Teve muito trabalho em cima desse que seria seu maior projeto, ao fim dois seres peculiares, com pele, carne e osso, estranhos mas belos, o qual lhe chamou de humanos. Agora Deus estava satisfeito com seu trabalho, era uma bela criação, neles estavam tudo de seu mestre. Com o passar dos anos seu passatempo era apenas observar os humanos, como ele admirava com um sorriso bobo a cada nova descoberta de seus pupilos. Tudo estava tão bem... Mas com o passar dos anos novamente foi tomado por um tédio, não achava mais tanto interesse em sua criação, que agora dominava todo o planeta terra, um lugarzinho um tanto que bonito, mas com o passar do tempo foi ficando sujo e cinza, mas mesmo assim muito belo, parecia ao menos. Em um dia qualquer estava de bobeira olhando para sua criação, quando ao esbarrar em uma nuvem que estava por ali, a fez despencar sobre uma pequena cidade, o desastre foi tremendo, gritos, sofrimento e dor, Deus achou diferente, sem falar que a bajulação para ele só aumentou, ora tinha diversão e reconhecimento o que era muito bom para passar o tempo. Agora Deus brincava de meter o dedo na vida dos humanos, era tão divertido, passava longos períodos cutucando eles, dando gargalhadas de suas reações. Mas novamente isso não durou muito, já não tinha mais graça se meter na vida deles, tudo estava um saco novamente, mas agora ele tinha tv por assinatura, mas mesmo assim nada lhe prendia a atenção por muito tempo e uma rede social onde sempre escrevia qualquer coisa apenas para ter uma atençãozinha que fosse coisas como #Partiu Paraiso #Beijinhos para o planeta Azul #Anjos aqui na baia, só curtição... Alguma coisa ele podia obter de sua criação, mas nada que completasse seu vazio. Entre uma troca de canal e uma curtida em qualquer besteira, Deus achou algo interessante um anuncio que dizia “SE VOCÊ TEM ALGO ÚNICO, COMPRAMOS SUA IDEIA, AVALIAÇÃO SEM COMPROMISSO, LIGUE...” parecia interessante, por que não tentar. Marcou uma reunião logo no outro dia, queria de uma vez por todas acabar com seu tédio, descobriu que ao longo da vida, o que devia fazer era simplesmente nada, sua criação já andava sozinha, ate bem de mais por sinal... Deus queria férias, queria relaxar em qualquer lugar sem se preocupar com suas responsabilidades, assim fez um contrato com os humanos, dava plenos direito a eles para usarem sua imagem como achassem necessário, sem cláusulas ou letras miúdas ao fim da página, DEUS agora era um produto de fácil comercialização, aceito por qualquer etnia por qualquer um, bastava apenas moldar as necessidades do cliente é acrescentar uma dose de crenças, tudo ficava bem fácil. Em troca Deus recebia uma porcentagem todo mês em sua conta bancária, todo dia dez estava lá uma gorda cota de orações, todas pare ele aproveitar da forma que quisesse, sem laços de moral ou ética. Deus estava em qualquer lugar atirado, sem preocupações, sem tédio ou qualquer coisa que o fizesse pensar. Já a humanidade deitava e rolava sobre os direitos do nome de Deus.

Olhares ao Acaso

Despretensiosa ela andava de cabeça baixa, em seu olhar algo incomum, podia se perceber entre suas grandes lentes um olhar que misturava raiva e dor, mas que sempre ao longe buscava algo. Seus olhos se mexiam em todas as direções, captando tudo a sua volta, analisando tudo aquilo que era de seu interesse. Mas sempre para longe, distante de qualquer coisa ou qualquer pessoa. Ele como sempre indiferente ao mundo e aos seus moradores, seus olhar de desprezo fulminava com qualquer um ao seu redor. Parecia que sua visão podia alcançar a alma humana, o mundo já não lhe tinha tantos atrativos, não mais. Em um determinado momento seus olhos se se esbararam, revelando seus interesses e suas vontades, exposto de uma forma vulnerável. Tanto um como o outro ansiavam por sua própria liberdade física e mental. Seus encontros se tornaram recorrentes, seus assuntos aprimorados e seus planos desenvolvidos, juntos tinham a nítida impressão que tudo poderia ser conquistado, o mundo era o limite, se de fato podiam por que não tentar tudo parecia tão atrativo. O tempo parecia não ousar interceder em suas conversas, talvez ele mesmo tivesse medo do que poderia acontecer. Mas tinha um único problema, certo homem de grandes proporções, trajando uma roupa toda branca, era inevitável fugir dele, sempre aparecia no mesmo momento na mesma hora, em suas mãos carregava quatro pílulas, duas azuis e duas brancas. Nada podia ser feito, vulnerável os dois permaneciam perante toda aquela massa chamada médico. Ao tomar suas pílulas cada um esquecia-se do outro, ela olhava fixamente pela janela, buscava o nada, ele do outro lado balançava incessantemente uma peça de xadrez, analisando sua forma. Distanciados por uma sala inteira, presos a uma realidade, ao menos até seus olhares se esbarrarem novamente.