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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Ladrão de Túmulos

Vou até o cemitério mais próximo 
desenterrar um corpo 
um pedaço podre 
do passado de alguém 
só espero que minha cova 
não vire alvo de outro também  
se os cadáveres deles cheiram mal
imagina o meu
perfume que não há de ser 

Na cova rasa vermes 
lembranças corroídas 
de uma pessoa desconhecida 
que pena que senti 
o verme era o corpo 
e não o outro 

Apodrecido de dentro para fora 
como em vida 
mas fora de uma cova 
agora estendido 
mãos sobre o peito 
terno preto surrado 
olhos esbugalhados 
um cadáver
de um passado 
esquecido 
enterrado 

Mas para minha surpresa 
em uma pedra fria 
vejo as palavras 
as últimas daquele morto 
uma poesia 
que eu já conhecia 
a poesia final 
de um poeta 
morto 
pela foto não tive duvida 
e a certeza acertou meu peito 
aquele era eu 
ou o que fui 
ou o que vou ser 
e as palavras escritas 
como meu julgamento final 

...Das palavras em vida 
para uma cova fria 
do calor da vida 
para uma escuridão vazia 
quem poeta nasceu 
como poeta morreu 
pelas palavras 
pelas rimas 
pelos sentimentos 
roubados e transcritos 
como um ponto final
assim eu termino 
para meu retorno aos livros... 




Purgatório

Alçado ao céu 
e jogado ao inferno 
assim foi o homem julgado 
por seu Deus 
por seu Diabo 

No reflexo de um espelho 
ele confronta
suas verdades 
e observa 
ser seu Deus 
com sua bondade 
e observa ser seu Diabo 
com seus pecados 

No fim 
ele é os dois 
e os dois 
somos nós.


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Caixa de Palavras

Cada dia 
eu guardei 
ou perdi
já nem sei 
uma ou duas palavras 
em um caixa 
qualquer caixa 
em um canto 
qualquer canto 

 Cada dia 
eu gravei 
uma poesia 
em um momento 
e escondi 
anotei 
e logo esqueci 

Em uma caixa 
qualquer caixa 
uma ou duas 
poesias 
escondidas 
para um dia
quem sabe
serem compreendidas. 






terça-feira, 29 de julho de 2014

Mais um Coração

De corações gélidos
um vento frio 
a alma se condensa
e a alma fica pequena 

De corações quentes 
mentes agitadas 
a alma evapora 
e a alma quer voar 

De corações em vida 
a morte diz um não 
e que seja por uma noite 
apenas mais um coração.


segunda-feira, 28 de julho de 2014

Um Mundo a ser Construído

"...A ave sai do ovo 
o ovo é o mundo 
quem quiser nascer 
tem que destruir um mundo..."

Como de precisão
o mundo é feito 
então aqui está 
página 114 
Demian de Hermann Hesse 

Mas voltando a minha poesia 
que mundo vamos destruir 
hoje ?

Todos 
alguns 
ou nenhum 

Que mundo vamos construir
hoje ?

Todos e nenhum 
e nenhum e todos 
de mundos desconhecidos 
e aqueles conhecidos também 
derrubo tudo a minha frente 
faça você também 

O mundo é complexo 
e disso eu sei 
 então viva 
por você 
e destrua todos os mundos que puder 
e construa outros que não puder 

Sonhe 
deseje 
e tudo aquilo que já sabe 
eu sou poeta 
apenas escrevo 
e por um motivo
sem sentido  
dedico tais palavras 
aos mundos destruídos
e construídos 
  dedico a você 
que deseja 
mas não crê. 


domingo, 27 de julho de 2014

Desconhecidos Conhecidos

Dizem que coração de mãe sempre cabe mais um, pois então hoje eu digo mesa de bar sempre cabe mais um e por que não dois, quatro, seis...
O lugar está cheio, cheio de estranhos muitos estranhos, literalmente, assim como você, assim como eu, assim como todos...
No palco improvisado um som antigo, daqueles que não se consegue não cantar e se balançar, todos sabem a letra e mesmo os que sabem apenas o refrão continuam a mexer a boca e os cabelos a fingir cantar, todos são cantores natos, tanto faz.
Pessoal animado, lugar cheio, cheio de estranhos desconhecidos conhecidos e agora amigos de infância, lugar democrático, um lugar chamado bar um momento na noite.
De copo em copo, o que tem dentro não importa mais, é água, cerveja, caipirinha, drinques coloridos, frescuras para beber, mas novamente tanto faz.
O lugar não tão cheio já está, cada um se dispersou, se jogou pelas ruas, casas pelas camas... O som é um ruído que pouco se compreende, as mesas cheia agora estão vazias, os estranhos desconhecidos conhecidos amigos de infância são apenas desconhecidos novamente, ao menos quase todos, os copos vazios atirados, esquecidos, restos de amizades iniciadas em um bar e com final na porta de saída, mas tanto faz.
Tanto faz pois em outra noite outros tantos desconhecidos, conhecidos amigos de infância vão aparecer e tanto faz o lugar, tanto faz como tanto fez e se faltar espaço junta as mesas, pois sempre cabe mais um, dois, quatro, seis....

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Tormento Noturno


Desperto, entre a escuridão do quarto, me apreso, meio perdido, atordoado, respiração ofegante, compassado e a escuridão me cerca para todos os lados.
Onde estou?
Por alguns segundos atordoado esqueço estar em meu próprio quarto...
Buscando com as mãos entre a densa escuridão qualquer coisa familiar, para uma localização mais precisa...
Certo, alcanço a pequeno mesa ao lado, ali uma pequena esperança ao qual conheço por abajur, minhas mãos deslizam pela forma metálica e emborrachada do pequeno objeto, chego a sua base, em um clik se faça a luz, penso eu.
Apenas penso, pois de luz nada foi feito e no escuro ainda permaneço.
Droga!!!
Quase como um desabafo e descontentamento, penso em atirar longe a luz inexistente, mas recuo, era apenas um momento, como esperava ser apenas um momento aquela falta de luz
Escolha não tinha, pela extensão de meu quarto, que agora parecia mais um terrenos inabitável, desconhecido, para o seu próprio dono e ocupante de maior tempo, como em uma aventura solitária, coloquei os pés para fora da segurança de minha cama, o que eu poderia encontrar por ali, nem eu sabia, era um cômodo no escuro e tudo ali poderia existir.
Um passo de cada vez, penso eu, fácil assim, a porta não deveria estar longe, mas para onde ficava a porta mesmo?
Delicadamente andando, respirando calmamente, mas de coração agitado e ritmado, minhas mãos sempre a frente do corpo, como em uma dança cega, pela escuridão, meu parceiro a negra visão sempre a minha frente, ao meu lado, por todos os lados.
Para ajudar aquela odisseia, a noite não colaborava, o céu negro nada facilitava, a noite e a lua eram espectadoras como sádicas apreciadoras de meu tormento noturno.
Mais um passo até a maçaneta, mais um passo até minha liberdade do cativeiro negro, mais um passo para a luz.
Entre batidas, entre objetos que não ousava colocar a mão tinha como outro inimigo minha tão fértil imaginação, quem diria que de tantas brincadeiras doces que ela me inspirou era agora um carrasco impondo dura dor.
Sinto a parede em minhas mãos, fria, reta e estável, procuro uma porta, procuro o tato amadeirado, procuro a maçaneta...
Sinto a mistura de excitação com desespero, sinto o fim de meu tormento, apenas quero sair de meu cativeiro.
Minha mão encontra a maçaneta, giro delicadamente e busco minha salvação...
Para meu tormento nada de luz apenas a sublime escuridão, estava talvez mais escuro que meu quarto e de pequena cela, agora encontro a imensidão das trevas em um lugar sem fim, meu quarto era meu refugio, voltava ou seguia, tanto faz pois no fim era na escuridão que eu permaneceria..

terça-feira, 22 de julho de 2014

Quando um Poeta Morre

Poeta que vive escreve 
já não respira 
tinta e papel 
só mais uma rima 

Quando um poeta morre
não é esquecido 
mas é um tanto que esquisito 
é lembrando por aqueles que desconhecia 
é reverenciado por aqueles que conhecia 

Poeta morreu 
mas não tem sepultura  
seu túmulo é seu livro 

Poeta não morre 
ele resiste
sobrevive 
entre a primeira linha 
e um ponto final 

Poeta voltou para seu livro 
acabou uma vida 
e retornou para outra 
eterno ele fica  
em tinta e papel 
poeta 
respira.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Uma Última Dança - Quando a Morte Convida para Dançar

Primeira Parte
Há muitos anos que Rosalina não se sentia tão disposta, parecia que o peso dos anos não eram mais sentidos pelo seu frágil corpo, tinha vontade de correr, sonhar e desejar uma vida nova, mas sabia que não seria possível, era um momento apenas o seu último momento.
-Pois agora estou pronta, para onde vamos?
-Agora sim está bem vestida, feche seus olhos por um segundo.
Rosalina fechou os olhos como a Morte pediu, ao abrir não conteve as lágrimas e nem o sorriso, não estava mais dentro daquele quarto preparado para sua morte, estava diante de um grande prédio branco, enfeitado com lamparinas, grandes janelas, cortinas, grandes portas era tudo deslumbrante, lembrava muito os antigos casarões de festas em que Rosalina costumava ir em sua juventude, o barulho que exista em seu quarto fora trocado, nada de um som compassado de um aparelho ela escutava um som de música que vinha de dentro do prédio, escutava passos de pessoas entrando e saindo do local, vozes que falavam ao mesmo tempo era aquele tipo de barulhos que ela gostava de escutar.
A Morte estendeu o braço a ela e sorrindo falou:
-Vamos?
Ela nem precisou responder apenas seguiu pela entrada da grande casa, seguiram por um extenso tapete, que terminava logo no salão parecia que aquela casa toda era apenas de um cômodo, um salão que parecia não ter fim, para todos os lados que olhava percebia pessoas dançando em um ritmo mágico logo ao lado um pequeno palco onde uma banda tocava, todos da banda estavam trajando um terno branco e gravata borboleta, a banda era a mesma o que mudava eram os cantores, todos que em sua vida Rosalina escutou e a fizeram balançar mesmo que sozinha ou acompanhada estavam por ali.
As musicas que conhecia e faziam parte de sua vida, era quase como sua trilha sonora particular, ela rodopiava pelo salão, quase que flutuando, seu acompanhante se portava muito bem, quem diria que a Morte sabia dançar.
Dançou e como dançou, por toda sua vida e outras tantas Rosalina esquecia pouco a pouco de seu fim e apenas dançava, as musica eram variadas, lentas e algumas mais agitadas Rosalina não perdia uma, Altemar Dutra, Francisco Alves, Ademilde Fonseca, Isaura Garcia... E outros tantos cantores que já nem lembrava o nome era mais que um fim digno era um sonho.
Pouco a pouco o salão foi esvaziando-se deixando apenas os dois a dançar ao som de Altemar Dutra, era um show particular ele cantava apenas para ela dançar...
 "...Repare bem 
que toda vez que ela fala 
ilumina mais a sala 
do que a luz do refletor 
o cabaré se inflama 
quando ela dança 
e com a mesma esperança 
todos lhe põe o olhar..."
A Morte olhou pela última vez para Rosalina e sorriu, não falou nada e nem precisava ela sabia que era sua última dança, ela também não respondeu pois sabia que não precisava, ela agradecia pelo olhar e a Morte compreendia, ela fechou os olhos pela última vez, a música teve fim, a banda não tocava mais nem os casais a dançar no salão e os cantores abraçaram o silêncio, o silêncio permaneceu no quarto, Rosalina já não escutava mais nada, nem via, nem sentia, dançou pela última vez nos braços da Morte e levou para o túmulo seus últimos passos no salão.
Na noite da morte de Rosalina há quem diga que pelos corredores do hospital uma melodia era ouvida, ninguém sabia de onde estava vindo tal som que logo que foi escutado foi silenciado pelo ruído do aparelho do quarto 204 o quarto de Rosalina.

domingo, 20 de julho de 2014

Uma Última Dança - Part I

Um quarto tão comum, frio e quase sem vida, enquanto observava as paredes de tom branco creme Rosalina só desejava estar longe dali, longe daquele barulho compassado dos aparelhos que lhe davam alguns dias de vida, ela sabia que longe daquela sala não duraria mais do que uma hora, mas naquele momento sabia que suas chances não existiam, desejava ter um fim digno, como uma pessoa, sem aparelhos, sem aqueles barulhos que a atormentavam, aqueles sons de passos no corredor, vozes de desconhecidos e fugir acima de tudo fugir para morrer em paz.
Os mistérios que na vida são escondidos na morte são revelados e pouco a pouco os barulhos cessaram um silêncio perturbador tomou conta da sala, tomou conta dos corredores, da cidade toda e quem sabe do mundo inteiro, Rosalina que de olhos fechados estava abriu delicadamente esperado obter uma resposta, por um lado se sentia aliviada por outro pensava ser a morte que chegava para retirar seu último suspiro.
Ao abrir os olhos ela percebeu um homem sentado logo a sua frente, por um momento a morte lhe fugiu da cabeça, deveria ser um dos médicos, mas logo mudou sua opinião sobre o tal homem, uma visita talvez?
Sua memória não estava lá essas cosias, poderia ser bem isso. O homem deveria ter cerca de setenta anos, as marcas da idade já estavam bem visíveis por seus traços e mesmo assim mantinha um leve sorriso no rosto de uma suavidade jovial e de olhar mais jovem ainda, como se os olhos e o sorriso fossem intocáveis pelo tempo, trajava um lindo terno cinza de recorte simples, mas bem feito, uma gravata longa em um tom marrom escuro, o cabelo lhe fugia da cabeça, mas ainda que fosse pouco era bem penteado totalmente para trás com um pouco de pomada daquelas que não se encontrava mais, ele todo era do tipo de pessoa que não se encontrava mais, ele mantinha esse ar do passado que ia muito além de suas roupas, mas pelo modo que falava e gesticulava.
-Boa noite Rosalina.
Por um momento ela pensou se deveria responder ou não, mas aquele distinto homem lhe parecia tão convidativo para uma conversa que não resistiu e respondeu.
-Boa noite, desculpe pelos meus modos, não esperava visita, pois eu nem sabia que tinha visita neste horário e devo pedir desculpa mais uma vez por não me recordar de sua pessoa, você seria quem ?
-Não precisa se desculpar por isso, eu tenho acesso especial para visitas e você não me conhece, pois todos que me conhecem logo se esquecem, não só de minha visita, mas de tudo.
-Mas então quem é você?
-Ora eu tenho muitos nomes Rosalina, sou o fim, a última passagem, a escuridão, o silêncio eu sou a morte e hoje eu vim por você.
Apesar daquelas palavras Rosalina de forma alguma ficou com medo ela já estava preparada para isso há algum tempo, o que lhe intrigava era a aparência da morte, ao menos era uma aparência convidativa  e de ótimo gosto.
-Pois bem, então estou pronta, podemos ir.
-Não é assim que funciona, eu não faço visitas a todos, estou aqui por um motivo especial, lhe conceder uma última lembrança a única que vai levar para seu túmulo ou como estava desejando uma morte digna.
A morte estava cada vez mais convidativa e o que esperar disso tudo pensava ela.
-Nem sei o que pensar, responder, apenas obrigada...
-Ainda não agradeça, temos muito ainda que fazer por essa noite, então levante-se e vá colocar uma roupa apropriada a onde vamos esse seu pijama não seria bem aceito
Atrás de um biombo um lindo vestido longo tão simples, Rosalina gostava desses vestidos simples, gostava do simples de um modo geral, vestido de um tom delicado de pérola, naquele momento ela sabia o que esperar daquela sua última noite e não poderia ser melhor, era uma parte de seu passado que guardava como um tesouro no canto de suas lembranças e dentro de seu peito, pela última vez Rosalina era convidada a dançar...

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Anoiteço

Anoiteço 
pela chuva que leva o sol 
padeço 
em pedaços 
rimas 
sonetos 
crônicas 
textos...

Fecho os olhos 
melhor eles são fechados 
pela camada de cimento 
Anoiteço 
viro sonhos 
passado 
o futuro daqui a frente desconheço 
morto 
mas ecoo 
Meu legado de palavras 
que em vida tanto abusei 
Não deixo riquezas 
minha herança 
são os livros 

Anoiteço 
pela última vez 
mas sem ver o nascer do sol 
amanheço.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Caixa de Pandora

Trancada por dentro 
sem chave por fora 
Pandora grita 
de dentro pra fora 
de fora pra dentro 

A chave só Pandora tem 
só ela abre 
só ela que fecha 
caixa de Pandora 
dela e de mais ninguém 

Gritos na caixa 
sussurros aqui fora 
Pandora escuta 
os ecos lá de fora 

Com o ouvido colado na tampa da caixa 
Pandora escuta o que existe aqui fora 
um mar...
céu...
ou um outro eu...
talvez 
tudo isso 
talvez nada disso 

Pandora escuta atenta 
esperando um momento 
esperando um segundo 
para abrir sua caixa 

Pandora resiste
ainda não é o momento
só Pandora sabe a hora
só ela sabe o que fazer.

Abre a caixa Pandora
ou se feche para sempre.


quarta-feira, 16 de julho de 2014

Do Início ao Fim Palavra

Do início ao fim 
palavra 
com rima ou sem rima 
palavra 
Dita ou cantada 
mas sempre uma ou outra palavra 
No início é um nome 
em um papel com números 
você é demarcado 
e ganha um nome 
palavra 
No fim em uma pedra fria 
sua foto 
seu início e fim 
uma estrela
 uma cruz 
seu túmulo indicado 
palavra
Viver por palavras 
morrer por elas também 
quem nasce recebe um nome 
quem morre recebe um também 
Do inicio ao fim 
palavras 
palavra
palavr
palav
pala
pal
pa
p
...


segunda-feira, 14 de julho de 2014

Quando um Livro não Quer ser Encontrado

Quando um livro não quer ser encontrado não tem jeito dele ser achado, dele ser lido.
Livros não são apenas páginas, capas, letras e um ponto final, livro é tão vivo quanto qualquer pessoa.
Os livros são variados, distintos e incomparáveis, há quem diga que o homem é escrito pelo livro e não o contrário.
Os livros são novos, velhos, usados... Eternos.
Há livros dados, achados, perdidos ou comprados, livro deve ser lido, apreciado e sonhado, mas quando um livro não quer ser lido?
Como assim um livro que não quer ser lido? Seria o mesmo que uma pessoa que não quer respirar, mas pensando bem, se algumas pessoas param de respirar por livre vontade dentro de um suicídio, por que não um livro que deseja não ser lido?!
O que leva um livro a fugir dos olhares dos outros, quem sabe está cansado de olhares vagos e vazios e de fugir de mãos frias e desinteressadas, mãos e olhes apenas por estar, sem um interesse em suas páginas, letras ou seus sentidos, assim o livro aborrece-se e já não deseja mais ser lido.
Então ele se esconde  para outas mãos e outros olhares, ficando distante, longe de tudo.
Mas como um humano deseja viver um livro deseja ser lido e mesmo escondido ele permanece esperando por mãos e olhares atentos e até ouvidos para escutar suas palavras, histórias e sentidos.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Por Aqueles que Sofrem

Pela televisão o sofrimento é geral 
chora torcedor 
chora uma nação 
mas e aqueles esquecidos em um fila 
com um ficha 
esperando atenção? 
Pela televisão vejo jogadores com dores 
mas e aqueles atirados ao chão 
sangrando 
esperando por salvação?
Pela televisão comoção 
por aqueles de amarelo 
por aqueles condecorados heróis 
Brasil nação daqueles que sofrem 
alguns por perdas de uma taça 
outros pela vida que se apaga. 

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Quando o Nada Observa - Part II

Quando o Nada Observa Part I 
Um dia após as comemorações a vila retornava a sua normalidade, ao menos até o próximo mês, naquele mesmo dia um dos pesquisadores chegava em busca de algumas amostras de flores para os estudos, nada fora do habitual, contudo aquele era um rapaz jovem, diferente dos velhos professores de cabelos brancos e corpos envergados, aquele era um distinto rapaz e atraía os olhares das jovens moças e até mesmo das casadas, seu nome era Elian  e o sobrenome era algo complicado de pronunciar, devia ter no máximo vinte cinco anos de idade, mas mesmo sendo a primeira vez que colocava os pés na vila de Phlox sabia bem o que fazer e onde ir, não parou para encarar os olhares das jovens nas janelas nem tão pouco encarar o olhar de ciúmes dos homens da vila, parecia mais preocupado com um pequeno caderno de couro que levava consigo e a todo instante fazia anotações, entrou direto na casa do Juiz Wagner, maior autoridade da vila , nada era feito nem pensando sem seu consentimento.
-Boa tarde Juiz Wagner, primeiramente desculpe a inconveniência, mas o Professor Siegfried, está de cama e não pode buscar as flores como de costume, então incumbiu a minha pessoa tal tarefa, eu me chamo Elian e sou assistente do Professor, muito prazer.
Juiz Wagner virou a boca e os olhos, não gostava de estranho pela vila, já era contra esse entra e sai de Siegfried, coletando flores, mas o dinheiro que ele deixava em troca de algumas flores coloridas era bem vindo.
-Melhoras ao Professor. Pois bem Elian, vamos ao que interessa, vou pedir para um jovem menino lhe acompanhar até a montanha onde pode coletar suas flores.
Em um sinal com as mãos ele chamou um de seus criados e falou algo em seu ouvido, ele se virou e saiu rapidamente pela porta da frente, logo retornou trazendo um jovem rapaz, Alfredo era seu nome, uma criança de não mais do que doze anos, mas que se portava com um adulto, fazendo se parecer com uma miniatura de um homem, mas era tudo aparência do pequeno jovem.
-Alfredo, você vai acompanhar Elian até a base da montanha, ele vai coletar algumas flores, espere com ele e retorne junto, não quero saber de nenhum de vocês andando sozinhos por ai.
-Certo senhor!
Os dois sairão pela porta e se encaminharam pelo caminho, atravessando toda a vila até chegar ao campo aberto e a montanha.
Pelo caminho Elian reparava melhor na vila e em seus moradores, estava uma bagunça e quase todos estavam limpando carregando mesas, cadeiras e pratos sujos, com certa curiosidade pergunta ao jovem o que era tudo aquilo.
-Mas que bagunça, até parece que teve uma festa por aqui!
O jovem que estava calado todo o tempo, respondeu com certo receio.
-É isso mesmo senhor, foi a festa da vila, todo mês ela acontece.
-Não precisa me chamar de senhor meu nome é Elian e o seu é Alfredo certo?
Ela balançou a cabeça evitando trocar olhares com o homem.
-Mas me fale mais dessa festa.
Alfredo permaneceu em silêncio..
E Elian insistiu e resolveu pegar no ego do jovem para fazer ele falar.
-Um rapaz tão esperto como você deve saber de tudo que acontece aqui nessa vila, então me conte sobre a festa, quero saber mais sobre vocês.
A expressão no rosto do menino mudou, parecia que Elian tinha pegado no ponto certo.
-Todo fim de mês fazemos essa festa, tudo por causa das flores e da montanha, aquela lá.
O jovem apontava para a ponta da montanha que enchia todo o horizonte com suas rochas e continuou a falar.
-A festa começa pela manhã e termina antes do sol se pôr, tem muita comida, bebida, todos dançam e se divertem muito, mas quando o sol está sumindo todo mundo deixa tudo pelo chão, comida, mesas, roupas... Tudo que imaginar...
-E vão para onde todos?
-Todo mundo entra em suas casas e se trancam lá dentro, nós as crianças são mandadas para a cama, sempre é muito chato ter que deitar cedo, eu nunca consigo, mas os adultos eles não vão dormir, eu sempre dou uma espiada pelas frestas da porta do meu quarto e sempre vejo meus pais entre a cortina e a janela que dá para a rua principal onde acontece a festa...
Elian ficou intrigado com aquela situação e queria saber mais sobre aquele estranho hábito da vila e de seus moradores.
-Você sabe o que eles ficam espiando ?
-Sei não e sempre que pergunto eles sempre dizem a mesma coisa que é nada, sempre nada, vocês adultos são estranhos.
Pelo caminho Elian reparou em uma senhora que chorava agarrada ao que parecia ser um carrinho de madeira, ela estava sendo consolada por dois homens um mais velho e um jovem ao qual Elian pensava ser o marido e o filho.
-Alfredo, você sabe por que aquela mulher está chorando ?
-Deve ser porque o filho dela desapareceu essa noite, parece que ele se perdeu na floresta, mas eu não acredito nisso não sabe.
-E por que diz isso ?
-Sabe o Toni, o filho dela é meu amigo, ele é só dois anos mais velho que eu, mas sabe como ninguém andar pela floresta, se existe alguém que sabe como entrar e sair de lá é o Toni, mas logo ele deve aparecer, deve estar escondido na casinha que ele construiu na floresta, você tem que ver é enorme toda feita com pedaços de portas, cadeias e mesas.
Elian estava quase aceitando a explicação do jovem Alfredo, quando escutou os gritos da mulher que dizia algo sobre levar o filho dela, ela foi contida rapidamente pelos homens, mas Elian escutou algo que ficou martelando o dia todo em sua cabeça.
-FOI O NADA EU SEI EU SEI...



quarta-feira, 2 de julho de 2014

Ladrilho Colorido

Ladrilho colorido
de pé em pé
um passo de cada vez
brincadeira de criança
inventa
encanta

Ladrilho colorido
só não vale pisar
nas marca do chão
siga as cores
em perfeita coordenação

Ladrilhos coloridos
não são ladrilhos coloridos
são outras dimensões
guiadas pela pura imaginação

Ladrilho colorido
um desafio novo
em cada direção
criança fique no ladrilho
só não vale pisar no chão!