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segunda-feira, 7 de julho de 2014

Quando o Nada Observa - Part II

Quando o Nada Observa Part I 
Um dia após as comemorações a vila retornava a sua normalidade, ao menos até o próximo mês, naquele mesmo dia um dos pesquisadores chegava em busca de algumas amostras de flores para os estudos, nada fora do habitual, contudo aquele era um rapaz jovem, diferente dos velhos professores de cabelos brancos e corpos envergados, aquele era um distinto rapaz e atraía os olhares das jovens moças e até mesmo das casadas, seu nome era Elian  e o sobrenome era algo complicado de pronunciar, devia ter no máximo vinte cinco anos de idade, mas mesmo sendo a primeira vez que colocava os pés na vila de Phlox sabia bem o que fazer e onde ir, não parou para encarar os olhares das jovens nas janelas nem tão pouco encarar o olhar de ciúmes dos homens da vila, parecia mais preocupado com um pequeno caderno de couro que levava consigo e a todo instante fazia anotações, entrou direto na casa do Juiz Wagner, maior autoridade da vila , nada era feito nem pensando sem seu consentimento.
-Boa tarde Juiz Wagner, primeiramente desculpe a inconveniência, mas o Professor Siegfried, está de cama e não pode buscar as flores como de costume, então incumbiu a minha pessoa tal tarefa, eu me chamo Elian e sou assistente do Professor, muito prazer.
Juiz Wagner virou a boca e os olhos, não gostava de estranho pela vila, já era contra esse entra e sai de Siegfried, coletando flores, mas o dinheiro que ele deixava em troca de algumas flores coloridas era bem vindo.
-Melhoras ao Professor. Pois bem Elian, vamos ao que interessa, vou pedir para um jovem menino lhe acompanhar até a montanha onde pode coletar suas flores.
Em um sinal com as mãos ele chamou um de seus criados e falou algo em seu ouvido, ele se virou e saiu rapidamente pela porta da frente, logo retornou trazendo um jovem rapaz, Alfredo era seu nome, uma criança de não mais do que doze anos, mas que se portava com um adulto, fazendo se parecer com uma miniatura de um homem, mas era tudo aparência do pequeno jovem.
-Alfredo, você vai acompanhar Elian até a base da montanha, ele vai coletar algumas flores, espere com ele e retorne junto, não quero saber de nenhum de vocês andando sozinhos por ai.
-Certo senhor!
Os dois sairão pela porta e se encaminharam pelo caminho, atravessando toda a vila até chegar ao campo aberto e a montanha.
Pelo caminho Elian reparava melhor na vila e em seus moradores, estava uma bagunça e quase todos estavam limpando carregando mesas, cadeiras e pratos sujos, com certa curiosidade pergunta ao jovem o que era tudo aquilo.
-Mas que bagunça, até parece que teve uma festa por aqui!
O jovem que estava calado todo o tempo, respondeu com certo receio.
-É isso mesmo senhor, foi a festa da vila, todo mês ela acontece.
-Não precisa me chamar de senhor meu nome é Elian e o seu é Alfredo certo?
Ela balançou a cabeça evitando trocar olhares com o homem.
-Mas me fale mais dessa festa.
Alfredo permaneceu em silêncio..
E Elian insistiu e resolveu pegar no ego do jovem para fazer ele falar.
-Um rapaz tão esperto como você deve saber de tudo que acontece aqui nessa vila, então me conte sobre a festa, quero saber mais sobre vocês.
A expressão no rosto do menino mudou, parecia que Elian tinha pegado no ponto certo.
-Todo fim de mês fazemos essa festa, tudo por causa das flores e da montanha, aquela lá.
O jovem apontava para a ponta da montanha que enchia todo o horizonte com suas rochas e continuou a falar.
-A festa começa pela manhã e termina antes do sol se pôr, tem muita comida, bebida, todos dançam e se divertem muito, mas quando o sol está sumindo todo mundo deixa tudo pelo chão, comida, mesas, roupas... Tudo que imaginar...
-E vão para onde todos?
-Todo mundo entra em suas casas e se trancam lá dentro, nós as crianças são mandadas para a cama, sempre é muito chato ter que deitar cedo, eu nunca consigo, mas os adultos eles não vão dormir, eu sempre dou uma espiada pelas frestas da porta do meu quarto e sempre vejo meus pais entre a cortina e a janela que dá para a rua principal onde acontece a festa...
Elian ficou intrigado com aquela situação e queria saber mais sobre aquele estranho hábito da vila e de seus moradores.
-Você sabe o que eles ficam espiando ?
-Sei não e sempre que pergunto eles sempre dizem a mesma coisa que é nada, sempre nada, vocês adultos são estranhos.
Pelo caminho Elian reparou em uma senhora que chorava agarrada ao que parecia ser um carrinho de madeira, ela estava sendo consolada por dois homens um mais velho e um jovem ao qual Elian pensava ser o marido e o filho.
-Alfredo, você sabe por que aquela mulher está chorando ?
-Deve ser porque o filho dela desapareceu essa noite, parece que ele se perdeu na floresta, mas eu não acredito nisso não sabe.
-E por que diz isso ?
-Sabe o Toni, o filho dela é meu amigo, ele é só dois anos mais velho que eu, mas sabe como ninguém andar pela floresta, se existe alguém que sabe como entrar e sair de lá é o Toni, mas logo ele deve aparecer, deve estar escondido na casinha que ele construiu na floresta, você tem que ver é enorme toda feita com pedaços de portas, cadeias e mesas.
Elian estava quase aceitando a explicação do jovem Alfredo, quando escutou os gritos da mulher que dizia algo sobre levar o filho dela, ela foi contida rapidamente pelos homens, mas Elian escutou algo que ficou martelando o dia todo em sua cabeça.
-FOI O NADA EU SEI EU SEI...



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