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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Ladrão de Túmulos

Vou até o cemitério mais próximo 
desenterrar um corpo 
um pedaço podre 
do passado de alguém 
só espero que minha cova 
não vire alvo de outro também  
se os cadáveres deles cheiram mal
imagina o meu
perfume que não há de ser 

Na cova rasa vermes 
lembranças corroídas 
de uma pessoa desconhecida 
que pena que senti 
o verme era o corpo 
e não o outro 

Apodrecido de dentro para fora 
como em vida 
mas fora de uma cova 
agora estendido 
mãos sobre o peito 
terno preto surrado 
olhos esbugalhados 
um cadáver
de um passado 
esquecido 
enterrado 

Mas para minha surpresa 
em uma pedra fria 
vejo as palavras 
as últimas daquele morto 
uma poesia 
que eu já conhecia 
a poesia final 
de um poeta 
morto 
pela foto não tive duvida 
e a certeza acertou meu peito 
aquele era eu 
ou o que fui 
ou o que vou ser 
e as palavras escritas 
como meu julgamento final 

...Das palavras em vida 
para uma cova fria 
do calor da vida 
para uma escuridão vazia 
quem poeta nasceu 
como poeta morreu 
pelas palavras 
pelas rimas 
pelos sentimentos 
roubados e transcritos 
como um ponto final
assim eu termino 
para meu retorno aos livros... 




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