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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Uma Última Dança - Quando a Morte Convida para Dançar

Primeira Parte
Há muitos anos que Rosalina não se sentia tão disposta, parecia que o peso dos anos não eram mais sentidos pelo seu frágil corpo, tinha vontade de correr, sonhar e desejar uma vida nova, mas sabia que não seria possível, era um momento apenas o seu último momento.
-Pois agora estou pronta, para onde vamos?
-Agora sim está bem vestida, feche seus olhos por um segundo.
Rosalina fechou os olhos como a Morte pediu, ao abrir não conteve as lágrimas e nem o sorriso, não estava mais dentro daquele quarto preparado para sua morte, estava diante de um grande prédio branco, enfeitado com lamparinas, grandes janelas, cortinas, grandes portas era tudo deslumbrante, lembrava muito os antigos casarões de festas em que Rosalina costumava ir em sua juventude, o barulho que exista em seu quarto fora trocado, nada de um som compassado de um aparelho ela escutava um som de música que vinha de dentro do prédio, escutava passos de pessoas entrando e saindo do local, vozes que falavam ao mesmo tempo era aquele tipo de barulhos que ela gostava de escutar.
A Morte estendeu o braço a ela e sorrindo falou:
-Vamos?
Ela nem precisou responder apenas seguiu pela entrada da grande casa, seguiram por um extenso tapete, que terminava logo no salão parecia que aquela casa toda era apenas de um cômodo, um salão que parecia não ter fim, para todos os lados que olhava percebia pessoas dançando em um ritmo mágico logo ao lado um pequeno palco onde uma banda tocava, todos da banda estavam trajando um terno branco e gravata borboleta, a banda era a mesma o que mudava eram os cantores, todos que em sua vida Rosalina escutou e a fizeram balançar mesmo que sozinha ou acompanhada estavam por ali.
As musicas que conhecia e faziam parte de sua vida, era quase como sua trilha sonora particular, ela rodopiava pelo salão, quase que flutuando, seu acompanhante se portava muito bem, quem diria que a Morte sabia dançar.
Dançou e como dançou, por toda sua vida e outras tantas Rosalina esquecia pouco a pouco de seu fim e apenas dançava, as musica eram variadas, lentas e algumas mais agitadas Rosalina não perdia uma, Altemar Dutra, Francisco Alves, Ademilde Fonseca, Isaura Garcia... E outros tantos cantores que já nem lembrava o nome era mais que um fim digno era um sonho.
Pouco a pouco o salão foi esvaziando-se deixando apenas os dois a dançar ao som de Altemar Dutra, era um show particular ele cantava apenas para ela dançar...
 "...Repare bem 
que toda vez que ela fala 
ilumina mais a sala 
do que a luz do refletor 
o cabaré se inflama 
quando ela dança 
e com a mesma esperança 
todos lhe põe o olhar..."
A Morte olhou pela última vez para Rosalina e sorriu, não falou nada e nem precisava ela sabia que era sua última dança, ela também não respondeu pois sabia que não precisava, ela agradecia pelo olhar e a Morte compreendia, ela fechou os olhos pela última vez, a música teve fim, a banda não tocava mais nem os casais a dançar no salão e os cantores abraçaram o silêncio, o silêncio permaneceu no quarto, Rosalina já não escutava mais nada, nem via, nem sentia, dançou pela última vez nos braços da Morte e levou para o túmulo seus últimos passos no salão.
Na noite da morte de Rosalina há quem diga que pelos corredores do hospital uma melodia era ouvida, ninguém sabia de onde estava vindo tal som que logo que foi escutado foi silenciado pelo ruído do aparelho do quarto 204 o quarto de Rosalina.

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