Powered By Blogger

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Embalos em Tempestades Noturnas

Estremecia o céu em um prelúdio de uma dança noturna, na imensidão obscura incandescente de um dia que se apagava onde uma nova noite surgia, naquele espaço meio escuro meio claro se fez tempestade.
Repentinamente assim como céu desabou em água e os ventos mudaram drasticamente suas direções, eu me vi ali em um canto de uma sala desconhecida, isto se realmente era sala ou uma parte do céu. Minha visão ofuscada só tinha certa clareza com os raios que rasgavam as sombras a minha volta, eu ali espectador da tempestade, espectador da escuridão.
Sentia em minha pele a fúria dos trovões e dos raios que quase me cegavam, tão repentinamente quanto a tempestade, quase que em um piscar de olhos, menos talvez, se fez ela, isto se ela ali já não estaria e apenas agora à perceberia, pois antes era tão sombra quanto eu.
Sua pele branca tornava-se quase como espelho refletindo a explosão de luzes no céu, em seu profundo olhar um abismo que me encantava e como um doce canto de sereia me inebriava e me arrastava.
Mais perto pude distinguir o seu corpo, separando ela das sombras e as sombras dela, eu a conhecia, e como não poderia conhecer, pois há muito tempo me fascinava em palavras, mas agora tal fascinação tornava-se viva, fora de livros e poesia.
Lampejos intercalados entre sombras e luzes, passos no escuro, busquei suas mãos para ser guiado e guiar também, não existia controle simplesmente embalos suaves, contrastante com a tempestade acima de nossas cabeças em sua plena fúria noturna, mas não ali, entre passos delicados, mas de confiança plena, naquele espaço entre os nossos corpos a tempestade não chegaria, ao seu ouvido um sussurro
 -Que o mundo desabe, que a tempestade desfaça tudo, que os medos sejam visíveis, suas mãos eu não soltarei.
Um outro sussurro, mas este como resposta, ao qual não compreendi, no exato momento o céu despencava com mais fervor, como que proposital para não ser compreendida.
Dançávamos sem musica, existia apenas temporal.
Pouco a pouco os medos foram retornando para seus cantos obscuros, escondidos no abismo de nossas mentes, a tempestade tornava-se calmaria, o silêncio retornaria, reinaria plenamente na noite, estrelas ofuscavam as últimas nuvens carregadas e a lua ocupava seu lugar de direito, pude encarar de fato aquele olhar, observar na imensidão a tempestade se esconder na profundeza daquele olhar.
As mãos desvencilhar, os corpos a se afastar e retornarem cada um para dentro da noite, tempestade já não existia agora no olhar apenas poesia.








Nenhum comentário:

Postar um comentário