Powered By Blogger

domingo, 19 de abril de 2015

Palavras Silenciadas

Pelos cômodos da casa, não mais o tilintar das teclas da velha máquina de escrever, nem os rabiscos no papel, o riscar o apagar de palavras que não eram bem vindas, pelo chão não mais folhas amassadas com gosto de desgosto de palavras não aceitas.
Pelas paredes da velha casa, não mais ilusões surrealistas entre a tênue linha do mundo real ao mundo imaginário.
Na cozinha não mais vapores de café passado a iniciar ali e espalhar-se, impregnar todos os cantos, inebriar.
No quarto não mais pesadelos e sonhos perdidos, escondidos e deixados entre lençóis, não mais o luar a adentrar pela grande janela, não mais.
Pela biblioteca não mais, livros abertos, espalhados, bagunçados, cuspindo palavras aleatoriamente, como quem deseja fugir de suas páginas.
Pela casa, não mais poemas, não mais rimas nem sonetos vagos dedicados a amores, paixões passadas e utopias futuras.
Não mais palavras, discursos, textos, rabiscos, letras ou qualquer coisa que fosse escrito.
Não mais, talvez nunca mais um poeta, escritor um homem ou alguém, não mais.
Fecha-se assim o capítulo final, palavras silenciadas por um ponto final.

Nenhum comentário:

Postar um comentário