E hoje que estou perto dela compreendo melhor, nasci para morrer, carregando em minhas costas meu próprio cadáver que mesmo gélido e em seu tom reluzente de mármore, insiste em murmurar ao meu ouvido, cospe sua poesia fúnebre e relembra a cada passo e a cada ranger de dentes meu fim...
Tolo poeta
seu fim sou eu
olhe pra mim
e veja seu futuro certo
sou você
ou você sou eu ?
Sou mais vivo
em muitos momentos
mais vivo que você
e você mais morto
do que eu
em momentos é
Encare seu futuro
veja o que és
e das palavras que escreveu
uma delas vai ser também
marcada em seu túmulo
poeta também morreu
E de tantas que escreveu
te tornarás uma só
será apenas a doce morte
que sua poesia
vai encarar...
Compreendo meu destino cadáver, mas vivo ainda sou, veja minha pele corada, meus sangue que mancha minhas veias, veja o que sou e ainda não sou você...
Olhe dentro de meus olhos
e sinta medo de meu viver
cadáver não sente
não deseja
limitado por sua cova
permanece enterrado
mas compreendo você
outros tantos
supostos vivos
enterrados estão também
trancados dentro de si
seu túmulo não é de pedras
mas sim de medos
e destes
meu cadáver
tenho pena
prefiro cadáver como tu ser
falante é consciente
que desta vida só
uma vez se sente
e por hora cala-te
e me deixe viver
quando chegar minha hora
quando tiver que morrer
fecharei meu olhos
e palavra me tornarei também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário