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domingo, 26 de outubro de 2014

Por meu Cadáver

Sempre tive um apreço muito especial pela morte algo quase que transcendental , algo que ao certo não sei.
E hoje que estou perto dela compreendo melhor, nasci para morrer, carregando em minhas costas meu próprio cadáver que mesmo gélido e em seu tom reluzente de mármore, insiste em murmurar ao meu ouvido, cospe sua poesia fúnebre e relembra a cada passo e a cada ranger de dentes meu fim...



Tolo poeta 
seu fim sou eu 
olhe pra mim 
e veja seu futuro certo 
sou você 
ou você sou eu ?

Sou mais vivo 
em muitos momentos 
mais vivo que você 
e você mais morto 
do que eu 
em momentos é 

Encare seu futuro 
veja o que és
e das palavras que escreveu 
uma delas vai ser também 
marcada em seu túmulo 
poeta também morreu 

E de tantas que escreveu 
te tornarás uma só 
será apenas a doce morte 
que sua poesia 
vai encarar...

Compreendo meu destino cadáver, mas vivo ainda sou, veja minha pele corada, meus sangue que mancha minhas veias, veja o que sou e ainda não sou você...

Olhe dentro de meus olhos 
e sinta medo de meu viver 
cadáver não sente 
não deseja 
limitado por sua cova 
permanece enterrado 
mas compreendo você 
outros tantos 
supostos vivos 
enterrados estão também 
trancados dentro de si 
seu túmulo não é de pedras 
mas sim de medos 
e destes 
meu cadáver 
tenho pena 
prefiro cadáver como tu ser 
falante é consciente 
que desta vida só 
uma vez se sente
e por hora cala-te 
e me deixe viver 
quando chegar minha hora 
quando tiver que morrer 
fecharei meu olhos 
e palavra me tornarei também. 


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