Sem cuidado algum, deitados nas próprias fezes.
-São apenas animais...
Alguém comentou.
Grunhidos se misturam com buzinas, xingamentos, gritos, músicas de uma cidade em movimento.
-Falta agora acender o fogo e trazer as geladas...
Alguém comenta.
Cordão de isolamento, mantendo assim os curiosos um pouco afastados, flashes, comentários, telefonemas.
-Virou sim, aqui na Avenida Tal, chama o pessoal, vamos levar um pra casa...
Ela disse ao telefone.
O sangue começa a escorrer, manchando o asfalto, alguns ainda estão vivos, agonizando, sufocados por outro que já estão mortos.
-Porra, tenho que trabalhar, vão liberar quando a Avenida?
O homem de terno questiona.
Uma multidão se aproxima, estão com facas, fome no olhar e ambições nas mãos, poucos policiais nada podem fazer, alguns são cortados ali mesmo.
-Mata aquele vivo ali, quero carne fresca, esse que está morto deixa de canto, já tem até moscas.
Aponta a senhora.
Sangue, grunhido, palmas, conversas desconexas, novela, jornal, cadeira de praia, radio no carro.
Um que outro tenta correr, não consegue, Avenida virou açougue.
Chega policia, afastando pessoal, mãos com sangue, pedaços de animais.
-Ninguém passa.
Com a mão na arma o policial informa.
Água no asfalto, cachoeira vermelha até a lateral, pedaços vão junto se perdendo no matagal.
Ao lado do cordão população observa, ainda com facas nas mãos, olhos vidrados por mais um pedaço uma comemoração.
-São apenas animais, tanto faz.
Grita população enfurecida.
-Queremos mais
mais
mais
são apenas animais...
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