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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Entre os Olhos de um Gato - Epílogo

Ao sair do banheiro o homem nem notava a presença de um ser diferente naquela casa, estava com os pensamentos distantes, pensava em seu novo crime e apenas o fato de relembrar o ocorrido fazia despertar novamente seus desejos lascivos e quase incontroláveis. Com frequência tinha tais desejos e até aquele momento ia bem em seus crimes, nunca fora descoberto e seus desejos eram saciados. Saiu do banheiro e andou até o quarto, nem notou que parado sobre a mesa da sala estava Dom, silencioso e apreensivo, esperando apenas ser notado. Ele retornou até a sala, agora vestido, sentia algo, mas não dava importância para essas coisas,ao levantar sua cabeça confrontou pela primeira vez os olhos de Dom, ele permanecia parado, parecia que aquela era sua casa e aquele homem seu dono. O homem em sua primeira reação foi tentar fazer o gato sair pela janela aberta, mas o gato não se movia nem um milímetro,ele permanecia parado, fixo ao mesmo lugar, se não fosse seus olhos que reluziam com a luz do abajur ao seu lado, poderia dizer que era uma estátua colocada sobre a mesa para enfeitar a casa. Ele o abusador, já não pensava mais em seus crimes, agora era nos olhos do gato que pensava era como se não tivesse controle sobre seus pensamentos e pouco a pouco de seu corpo também. Dom olhava fixamente para ele, estava vendo não somente seus olhos em tom azulado, mas podia ver sua alma, ver tudo que ele tinha visto, feito e até mesmo pensado. Ali dentro dos olhos do homem o gato entrava em cada fresta dos segredos, não existiam barreiras para ele. Eram moças atiradas em cantos escuros,abusadas, destruídas assim como suas vidas, outras tantas assim como Jane que devia estar agonizando sozinha naquele canto escuro, aquele homem não merecia um gota de compaixão, sua pena já estava decidida, decidida entre os olhos de um gato preto. Ele sempre escapou da justiça, nunca poderia imaginar que sua sentença seria dada por um gato. Aquele homem já não tinha controle de nada, era um boneco movimentado pelos olhos daquele gato, mantinha sua consciência lúcida, era como estar em um pesadelo, escutava os sons da rua, via seu corpo, mas aquilo já não pertencia mais a ele. Ele caminhou para fora da casa, Dom o gato acompanhava seus passos, fez a volta em sua casa e subiu em uma escada que ali estava, chegou ao ponto mais alto de sua casa, ali em cima do telhado o martelo de sua sentença seria batido. Chegou bem próximo da beirada do telhado, estava de costas para o chão e seu olhar ainda fixo aos do gato, parecia que apenas os olhos de Dom o asseguravam. Dom virou e começou a sair do telhado, nesse momento seus olhos não estavam fixados no homem, ele agora tinha o controle de seu corpo, mas por pouco tempo, estava desequilibrado, fazia um grande esforço para permanecer ali no telhado, mas toda sua força de vontade não eram suficiente contra a gravidade. Ele despencou, mas não caiu ao chão, ficou pendura na grade de pontas afiadas que penetraram por seu ânus saindo por seus abdômen um fim digno para um abusador que fazia algo muito parecido com suas vítimas. Era uma cena assustadora o sangue escorria manchando as grades em tom de cinza chumbo, Dom ainda permaneceu alguns segundos parado olhando para o cadáver do homem. Novamente Dom andou e sumiu na escuridão da noite, retornou para sua casa, ao chegar viu que Jane estava sendo socorrida por paramédicos e uma ambulância já esperava para levar ao hospital. Ela estava nervosa e não percebeu que eu gato a fitava atentamente, Dom a viu ser colocada dentro da ambulância e sumiu entre as luzes da noite, ele permaneceu ali parado, ficou ali sentado na calçada por horas, parado com o olhar fixado na luz da lua.

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