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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Criancice


Em tempos antigos, nem tão antigos assim, fomos pequenos homens e pequenas mulheres, ao qual éramos denominados crianças. Era um tempo doce, doce igual aqueles que devorávamos escondidos atrás de casa, doce como sorvete seco, que de sorvete só tinha a casca e o nome mesmo, doce como lamber a rapa da massa de bolo, doce como Nescau antes de dormir,doce como o mouse de maracujá da vó,doce tão doce...
Mas ser criança era muito mais que comer doces, era viver em estado de doçura, era compreender um mundo diferente dos gigantes adultos que estavam com suas cabeças acima das nuvens e infelizmente não podiam ver o que embaixo acontecia.Mas o olhar ingênuo de criança tudo captava e tudo desenhava, éramos não somente crianças, éramos grandes artistas, poetas, músicos e inventores, éramos tudo e mais um pouco.
O mundo era colorido e tão grande, algo que meus pequenos bracinhos não podiam alcançar, mas todos os dias quando acordava em um espreguiçar, mandando o sono para o outro lado do mundo, onde era noite e outra criança poderia precisar dele, eu tentava, esticando as pontas dos dedos abraçar o mundo, nunca conseguia, mas sempre tentava.
O mundo era imenso e eu tão pequeno e mesmo hoje, eu me encontrando grande, o mundo ainda é imenso,parecendo até maior do que naquela época.Pena que essas crianças de hoje, algumas, nem todas, se acham grande, o mundo é por elas considerado pequeno, pois é visto por uma pequena tela, fria e de cores artificiais, um triste mundo isso sim que ao invés de doce é azedo.
Lembro mais de minha infância, lembro que celular de criança não eram esses que vejo por ai em pequenas mãos de dedos ligeiros, eram coloridos e transparentes e não eram ligados em tomadas, eram infinitos ao menos enquanto durassem as duas pilhas que ficavam escondidas, e cada botão uma música tinha, não tiravam fotos, nem ligavam.Mas com aqueles telefones mantínhamos contato com o mundo todo, com a lua,com marte,com Japão,com castelos, com lugares que só crianças podem conhecer e que não cabem a mim ser contados agora.
Criança é calorosa, é borrada de giz de cera, joelho ralado e meias encardidas, é mãos inquietas,é alma inquieta,criança é doce,um doce infinito.Criança tem nome bonito coisa que se perde quando se vira adulto, hoje sou Eduardo, um nome frio, mas já fui Dudu, sinto falta... Mas ser criança hoje não me cairia bem, pois ainda sou tão pequeno e o mundo sempre será tão grande para mim,e onde está mesmo aquela minha coragem de levantar e abraçar o mundo?


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