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quarta-feira, 28 de maio de 2014

Um Pastel Para um Rato

Em tempos que diretos humanos não existiam ou ao menos não era tratado como campanha eleitoral e em um tempo em que eu mesmo não existia, relato um acontecimento que não é meu e talvez nem seja verídico, mas isso cabe ao leitor decidir se ficção ou realidade escolher.
Pelas bandas do interior do interior do Rio Grande do Sul um ladrãozinho pé de chinelo era conhecido, roubava de tudo e de tudo roubava, roupas no varal, coleira de cachorro, as vezes com o cachorro junto, dinheiro, moveis, tudo que podia carregar e vender.
Mas seu forte era o roubo face a face, não tinha um local especifico, rondava a cidade toda e todos já o conheciam, tinha fama de violento e com uma arma em sua mão era quase que invencível e assim pensava ser, nunca tinha sido preso e quando era pego não passava mais do que uma noite na cadeia, não tinham provas, mas todos sabiam de sua culpa, mas a justiça estava cega para ele.
Muito esperto o ladrão se achava, roubando todos que encontrava, não tinha idade, sexo nem profissão bastava lhe apontar a arma que de suas vítimas tudo retirava.
Um senhor com seus setenta anos já era freguês do ladrão e uma vez por semana o roubava era como se ele tivesse uma agenda e o senhor Ubiratã sempre estava nela.
Dinheiro, relógio, compras do mercado  até um par de sapatos, fazendo o velhinho voltar descalço, irritado, constrangido no seu limite, aquilo tudo teria que ter um fim e se a justiça dos homens ou de Deus não lhe ajudavam seria apenas de suas ideias que a salvação seria alcançada.
No dia em questão Ubiratã saiu de casa com um proposito e em uma sacola um pastel de carne que havia comprado, saiu pela cidade rondando as praças a procura do meliante, lá pelas tantas o infame encontrou e fez questão, em sua direção caminhou, despreocupado como quem nada sabia viu o marginal em sua frente apontando para sua sacola e querendo o que tinha ali, Ubiratã quase que implorando diz:
-É apenas um pastel para minha netinha que pediu, não tenho mais nada comigo me deixe ir para casa...
O  homem nem fez questão de explicar, arrancou a sacola da mão do velho e riu como se fosse dono do mundo.
-Suma daqui seu velho, e se te ver por aqui mais uma vez te arrebento a fuça.
O senhor foi, mas em sua face nada de medo era um sorriso que mantinha quase que suspeito, suspeito como o pastel que o gatuno mastigava sem saber que ali dentro uma surpresa o aguardava.
No dia seguinte estampado no jornal - LADRÃO APARECE MORTO - logo abaixo uma foto do marginal que agora não mais roubava, deitado ao chão gelado e sem vida e em sua mão um pedaço de pastel.
Ubiratã lia o jornal sorrindo pois sabia que o pastel não era só de carne tinha veneno de rato muito utilizado em sua casa e com grande louvor os ratos exterminava, então pensou que um rato maior poderia querer experimentar também.
Agora se verdade ou mentira eu não sei, só sei que foi assim que chegou ao meu ouvido e assim escrevo.

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