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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Primeira Sentença - Part II

Tomamos todos os cuidados possíveis para efetuar a remoção do corpo do Padre da igreja, queríamos as possíveis provas  intactas, quaisquer que fossem elas, uma digital, um fio de cabelo ou uma gota de saliva.
Não foi fácil retirar aquele cadáver de dentro da Igreja de São Pedro, parecia mais que estávamos removendo uma estátua de um jardim do que um corpo.
Foi preciso um carro largo para efetuar o transporte já que não era possível deitar o copo por causa da grade que o perfurava, colocamos o corpo na mesma posição que o encontramos ou seja ajoelhado.
Sem o corpo poderíamos efetuar coletas no local, dentro da delegacia o legista já esperava para efetuar a autópsia do Padre.
Junto comigo ficou o agente Jaques para ajudar na coleta de provas deixadas pelo assassino, em minha cabeça tentava encontrar uma explicação para aquele fato, um Padre ? Quem iria querer matar um Padre, este não seria um alvo comum ainda mais com todo o trabalho que o homem que cometerá o crime teve, pelo que já sabíamos o corpo foi apenas colocado ali, o local da morte ainda era um mistério, tanto trabalho para perfurar o corpo do Padre e depois remover e colocar dentro da igreja, com certeza tinha um sentido em  tudo aquilo.
Vasculhamos o local, mas nada, nenhuma pista foi encontrada, o responsável por aquilo tudo foi muito cauteloso agora era esperar pela resposta do legista e coletar algumas informações na vizinhança.
Era cedo e tiramos muitas pessoas de suas camas, todos ficaram chocados quando souberam do acontecido, Padre Nestor era um homem justo e muito caridoso, em um consenso geral todos seus vizinhos não sabiam de nenhuma pessoa que quisesse mal a ele.
Estávamos sem respostas e sem uma direção para seguir, tudo dependia do que o legista descobriria e esperávamos que algo fosse descoberto.
Após coletar os nomes dos vizinhos Jaques e eu fomos para a delegacia, eu estava sentado em minha messa analisando aquelas fotos, buscando algum detalhe que poderia ter escapado aos meus olhos cansados, mas nada não tinha nada e eu sabia disso.
Entramos em contato com a central do 190 e pedimos a gravação anonima que havia informado o local onde o Padre estava, ao que parecia o próprio assassino tinha feito a ligação, escutamos atentamente, o desgraçado nem fez questão de mudar a voz, falou claro e rápido apenas dando o endereço. Rastreamos a ligação e ela tinha sido feita do telefone da igreja, então ele estava ali parado olhando e admirando sua vítima e ao mesmo tempo debochava de nossa cara pois sabia que tinha feito um trabalho limpo e que não poderia se encontrado, ao menos ainda não.
Enfim o legista após duas horas com o corpo do Padre havia finalizado a autópsia, sem demora fui em direção a sala onde ele estava.
Sobre a messa o copo do Padre, agora sim parecendo um cadáver, estava deitado, coberto por um pano azul claro.
-Então Doutor, diga-me que temos algo ?
Ele respirou fundo e falou:
-Eu não tenho nada para vocês, o responsável com toda certeza sabia muito bem o que estava fazendo...
Ele parou um instante e retirou o pano que tapava o cadáver, pude logo perceber uma marca logo abaixo do pescoço, era um ferimento no formato de uma cruz, parecia ter sido feita com um molde quente, pois a marca estava cauterizada.
O Doutor logo retornou sua fala:
-Primeiro de tudo, este homem está morto faz cerca de 48 horas, veja bem a causa da morte foi hemorragia, parece que suas veias foram cortadas e ele morreu lentamente enquanto seu sangue era retirado..
Interrompi bruscamente ele:
-Algum motivo para a retirada do sangue ?
-Sim delegado, o sangue e todos os fluídos corporais foram retirados e em seu lugar foi aplicado uma líquido composto por silicone, resina de epóxi e poliéster, este processo é chamado de plastinação, ela conserva o corpo, geralmente é usada em exposições ou para conservação de corpos para trabalhos científicos, literalmente este homem foi plastificado.
Ao que parecia o crime todo foi algo muito bem planejado, ele sabia muito bem o que fazer e como fazer, não era um crime comum e com toda certeza não seria o último...

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