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terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Mão Direita de Deus - Segunda Sentença - Part IV

Pouco a pouco, gota após gota o sangue dos dois misturava-se formando apenas um, pouco a pouco também os dois foram sentindo seus corpos ficarem leves e sua força escapando por sua pele, o homem continuava a ler aquela bíblia era quase um ritual fúnebre ministrado pelo desconhecido.
As palavras que ele dizia já não faziam sentido para o casal, eles mal conseguiam escutar o que ele dizia, não apenas o sangue que pouco a pouco caía sobre aquela bacia, mas também suas vidas que eram retiradas de seus corpos.
Novamente ele retornou para o balcão, colocando-se de frente para o casal que lutava para manter-se vivo e dirigiu a palavra para os dois:
-Não temam ó pecadores, pois mesmo que a sombra da morte esteja rondando seus corpos, eu o salvador os libertarei não somente do fogo eterno como também da vida de pecados e assim renascerão limpos para a vida eterna ao meu lado.  Eu sou a luz do mundo e hoje com vós estarei guiando sua travessia ao mundo das glórias.
O homem começou a entoar um canto, não podia se distinguir do que se tratava, logo após ajoelhou-se e falou:
-Senhor Jesus Cristo, o vosso corpo e vosso sangue, que vou receber, não se tornem causa de juízo e condenação, mas por vossa bondade, sejam sustento para minha vida.
 Logo após terminar sua fala, ele tomou em suas mãos uma hóstia que retirou da pequena caixa de madeira que estava em cima do balcão, levantou sobre sua cabeça dizendo:
-Tomai todos e comei isto é o meu corpo que será entregue.
Ele partiu em três pedaços, um dos pedaços ele levou até a boca, e por alguns minutos ele ficou em silêncio e de olhos fechados.
Ao abrir os olhos continuava em silêncio, aproximou-se primeiramente de Rodolfo com um dos pedaços em suas mãos dizendo:
-Tomai o corpo de Jesus, meu filho.
Rodolfo já sem forças para falar, sacudiu a cabeça negativamente.
Com a mesma calma o homem repete suas palavras:
-Tomai o corpo de Jesus, meu filho.
Neste momento não esperou pela resposta de Rodolfo, abriu a boca do rapaz e enfiou dentro o pedaço do sacramento.
Rodolfo não tinha forças para nada, seu corpo era como um boneco guiado pelo homem.
O homem dirigiu-se para Clarice dizendo as mesmas palavras:
-Tomai o corpo de Jesus, minha filha.
Ela em um grande esforço abriu a boca e ele colocou o pedaço do sacramento que se dissolveu lentamente no pouco de saliva que ainda restava em sua boca.
Em suas mãos agora ele tinha a taça dourada, levantou com as duas mãos e disse:
-Tomai, todos e bebei este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por muitos, para remissão dos pecados, fazei isto em memória de mim.
Ele levou a taça até a bacia que coletava o sangue dos dois, mergulhou no líquido avermelhado enchendo assim a taça pela metade, levou até sua boca e fazendo um sinal da cruz bebeu um gole do sangue do casal.
Levou a taça até a boca de Rodolfo e disse:
-Bebei o sangue de Jesus, meu filho...
Rodolfo arregalou os olhos e em um último esforço de seu corpo debatia-se tentando se soltar, mas seu corpo debilitado nada poderia fazer, o homem abriu sua boca e despejou o liquido, Rodolfo sentia o líquido quente que descia vagarosamente por sua garganta.
Agora era vez de Clarice que quase inconsciente nada poderia fazer, ele abriu a boca da jovem e despejou o restante do sangue que havia na taça.
O homem limpou a taça e guardou dentro da caixa de madeira, retirou suas vestes em suas últimas palavras ao casal ele disse.
-Agora são filhos de Deus e este mundo de pecados já não serve mais para meus filhos, vocês estão livres para viver em minha glória.
Ele virou-se sumindo entre as ruínas, o casal permaneceu ali amarrados e sentados em uma completa escuridão, o único som que se escutava dentro daquela igreja abandona era o o sangue que desprendia-se das veias caindo assim na bacia de sangue logo abaixo das cadeiras, até a última gota cair e assim apenas permanecer o silêncio.




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